Henrique Tigo
Este Blogsopt é o ponto de vista de Henrique Tigo sobre o Mundo. Enquanto Artista, Geógrafo e acima de tudo Homem Livre e de bons costumes!!!.
quinta-feira, julho 26, 2018
quarta-feira, julho 18, 2018
Altino do Tojal
Morreu o Ermita da Literatura Portuguesa
Altino do Tojal
Faleceu um enorme vulto da
literatura Portuguesa, o escritor e jornalista Altino do Tojal para os seus
amigos, o “Ermita”, pois não gostava de andar nas festas do croquete e não se
dava muito com outros escritores. Nunca se meteu a jeito para Condecorações e
Prémios, embora os mereça. A sua obra “Os Putos” é das obras que em Portugal
mais reedições teve vai na 38ª edição, nem o Saramago conseguiu esse feito!
Mesmo, sendo o Ermita tive a sorte
de ser seu amigo. Nunca faltou a uma exposição minha e chegou a comprar-me um quadro.
Eu homenageei-o na minha Exposição “Vultos da Cultura Portuguesa”.
Ofereceu-me os seus livros e a sua
amizade, escreveu a abertura de um catálogo meu.
Tive com ele conversas
interessantes. Um homem tão encantador como reservado e por quem tenho uma
enorme admiração.
Espero sinceramente que Portugal não
se esqueça dele e do seu contributo para a nossa cultura, história e
identidade.
Altino do Tojal nasceu a 26 de Julho
de 1939, em Braga, e foi criado pela tia Emília, professora primária, que o
ensinou a ler aos cinco anos, e pelo seu avô, professor aposentado.
Viveu em Braga até aos 27 anos.
Trabalhou em vários jornais, entre eles o "Jornal de Notícias",
depois no lisboeta "O Século", até ao seu encerramento, e depois no
"Comércio do Porto". Trabalhou também durante alguns anos na
Biblioteca de Braga.
Mas foi na escrita de ficção que se
destacou com dezenas de obras. A sua obra "Os Putos" foi adaptada ao
teatro, à televisão e à banda desenhada. A primeira versão deste livro surgiu
ainda em 1964, com o título "Sardinhas e Lua".
Sobre mim Altino do Tojal escreveu:
Frequentador ocasional de
exposições, conhecia de Henrique Tigo pinturas de vanguardismo arrojado. Agora
vejo-o cultivar também o retracto, na sua evolução de “Vultos da Cultura
Portuguesa”.
Numa galeria vinte e tal seres humanos retractados, já quase todos pó de
cemitério, decidiu generosamente o artista incluir-me entre os dois ou três que
continuam a respirar os ares deste mundo.
Confidenciou-me ter sido útil ao seu propósito a leitura de alguma da
minha obra literária, sobretudo “Os Putos”, onde, valha a verdade, outra coisa
não fiz senão falar de mim e da minha vida ao derredor. Assim equipado, terá o
pintor ambicionado transcender uma vulgar semelhança fisionómica, ir mais além,
através da sua arte explorar-me a alma. Examino com atenção este retracto
amargo e rude, esquivo, dir-se-ia inabordável. Fiel ao preceito délfico, há 63
anos que eu próprio venho procurando humildemente conhecer-me, e as minhas
pesquisas interiores parecem aflorar de algum modo no retracto, não são grosseiramente
desmentidas por ele.
Alguém o adquiriu, faz já parte de uma colecção particular – informa o
catálogo. Talvez o desconhecido comprador não dependure lá em casa a minha
autêntica imagem, o verdadeiro “Eu”; mas, de todos os retratos que me tiveram
por modelo, estas pinceladas breves e lampejantes tornam-no, ao menos para mim,
o mais revelador.
In:
Jornal Varzeense Agosto 2018
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