sexta-feira, abril 23, 2004

25 de Abril de 1974 Absolutamente vazio

25 de Abril de 1974
Absolutamente vazio



Trinta anos após o dia mais bonito de Portugal, chegamos ao Absolutamente vazio, as novas gerações como a minha nascida após a revolução dos cravos nada sabe sobre este dia.
As gerações mais velhas acham que é brincadeira, mas eu infelizmente tenho de dizer que não!...
Vivemos num País absolutamente vazio onde o Governo quer tirar o R da revolução, qualquer dia querem tirar o L da Liberdade.
Onde na escola os livros de história não fala da Revolução dos Cravos, onde há pessoas que pensam que o Campo de concertação do Tarrafal era uma colónia de ferias, onde os PIDES aparecem em programas de televisão como verdadeiros patriotas e heróis.
Ainda ficam muitas admiradas as pessoas mais informadas sobre este assunto, como é que a juventude deste País não sabe nada sobre o 25 de Abril.
Nascido após o 25 de Abril de 1974, toda a minha vida cresci perto de pessoas que viveram de perto os horrores do Estado Novo e com eles sofreram, mas nunca deixaram de lutar e acreditar num Portugal melhor.
Tive sorte e não me passou ao lado o bichinho da revolução dos cravos que tantos países inspirou.
Cada vez é mais importante dizer as nossas gerações e as futuras o que foi o 25 de Abril, o que foi o Estado Novo, quem foi Salazar e a Pide.
Ainda mais que isso temos de relembrar, dos nosso heróis como Bento Gonçalves, Edmundo Pedro, Pintor Abílio Bello Marques, Brito “anarquista” entre tantos outros, pois eles infelizmente estão a desaparecer e pior com eles as sua histórias e acções par tornar este país livre e democrático.
Claro que existiram muitas coisas más aconteceram no pós 25 de Abril de 1974, mas a coisa mais maravilhosa foi o 25 de Abril, pois não foram os partidos políticos clandestinos que o fizeram foi o povo Português que saiu a rua farto de quase 50 anos de fascismo e da guerra colonial onde muitos morreram deixando assim muitas famílias desfeitas por uma guerra sem sentido e muitos voltaram de lá deficientes, ao quais o nosso País tantas vezes virou as costas.
O Povo Português o nosso Povo anónimo foi unido saiu a rua e fez o 25 de Abril e minha única pergunta é quando o nosso Povo volta a ser unido dessa maneira?...
Tivemos a revolução mais bonita da história do século XX onde quase não foram disparados quaisquer tiros os únicos como não poderia deixar ser foram pelos Pides que ainda mataram quatro pessoas.
Não vamos nem podemos esquecer a nossa história, esquecer a nossa história é esquecer a nossa identidade.
25 de Abril Sempre!!! Pela união dos Português.

Henrique Tigo
Sócio Efectivo da A25 de Abril

sábado, abril 03, 2004

Do sonho ao pesadelo

Do sonho ao pesadelo Americano!


A realidade norte-América ou, para eles, o sonho americano, visto ao nossos olhos, pode parecer um pouco estranha.
Se não, vejamos: Já em 1950, 70 milhões de norte-americanos viviam em zonas bastante urbanizadas, e até planeadas, numa área de 13 milhas quadradas.
Quarenta anos depois, em 1990, a população urbana e suburbana norte americana duplicou, mas a área ocupada por esta população quintuplicou.
A vida da maioria dos agricultores alterou-se devido à subida dos impostos e à pioria das condições de vida. Viram-se mesmo na obrigação, contra a sua vontade, de muitas vezes ter de vender terrenos agrícolas para poder cobrir as despesas, pagar os tais impostos e ainda sobreviver.

Durante uma viagem com Tom Spellmire, apercebemo-nos como é visível que as quintas e as zonas urbanizadas convivam de perto com relvados e casas de janelas pintadas que, durante meio século, significaram o sonho Americano e hoje, para alguns, representam o pesadelo – Neighbourhood.

O “Neighbourhood” Bairro parece ter vida própria, espécie de pequena cidade onde existem pequenos pólos com tudo o que uma urbe necessita de ter, como zonas de comércio e lazer, lojas, igreja, zona de habitação, escolas. Este bairro desenvolveu sinergias próprias que o relacionaram com outros bairros, com outras sinergias e pólos, formando assim grandes cidades e crescendo sempre, sempre nos limites suburbanos, existindo assim cada vez menos espaços de agricultura.

Começou a verificar-se um grande crescimento para os limites destes “Neighbourhood”bairros/cidades com a chegada de novos habitantes, criando necessidades constantes de instalação e, assim, um espaço antigamente útil deixa de ser atractivo, fechando deste modo o seu ciclo virtuoso e iniciando outro, desta feita vicioso.
Acontece que, inevitavelmente, com o envelhecimento da cidade, assim como dos seus pólos e infra-estruturas, o crime e outros problemas urbanos começam a crescer como uma praga e aí, então, o sonho dá origem ao pesadelo. Com tal falta de segurança e outros problemas sociais, muitos residentes desses bairros mudam – a história urbana norte-americana está cheia de exemplos desses, como o de Cincinati que, em 1950, era o município mais populoso a Oeste dos Apalaches e apenas uma década depois, em 1960, começou a perder população para os limites do seu distrito, ficando Cincinati uma zona “negra”. Em Hamilton aconteceu o mesmo e ainda existem muitos outros exemplos.

Este modelo de urbanização “Neighbourhood”, existente nos Estados Unidos, funcionou muitíssimo bem até à II Grande Guerra Mundial, mas após essa época sucedeu a especulação imobiliária e o crescimento, sem ordenamento/planeamento, deu origem a uma nova urbanização americana. Inicialmente, parecia que estes dois modelos eram semelhantes, contudo os inconvenientes sociais, económicos e até ambientais daí resultantes comprometem um desenvolvimento equilibrado e sustentável, dando origem a um crescimento desajustado e muito menos planeado.
Este novo tipo de urbanização está a crescer de maneira horrenda e quase exponencial, ocupando áreas rurais a uma média muito rápida - quase de 1,2 milhões de acres/ano. A floresta norte-americana está a desaparecer à média anual de 2 milhões de acres.
Tendo em conta todas estas situações, fica a minha questão:

Será que o sonho Americano é agora um pesadelo?!


Henrique Tigo

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