Apoio de França a Portugal em 1640
Durante o período de denominação ocupação Filipana (1580-1640) em Portugal e nas suas colónias apareceram também os Holandeses. A primeira povoação a ser criada é Cacheu, em 1588, e que se tornou mais tarde na sede das primeiras autoridades coloniais de nomeação régia -os capitães-mores.
Em meados do século XVII, a ocupação portuguesa estende-se ao longo dos rios Casamansa, cacheu, Geba e Buba. Em 1687 constrói-se uma importante fortaleza em Bissau. Sucede-se até ao século XIX um período de conflitos entre Portugal, a Inglaterra e a França pela posse destes e outros territórios da Costa Ocidental de África. A França consegue melhores resultados. Pela Convenção de 1836, Portugal cede-lhe os territórios que virão a constituir a África Ocidental Francesa.
O fim a escravatura, o principal negócio da região, levou a que fosse desenvolvida a agricultura e silvicultura, onde operam grandes companhias francesas, inglesas e alemãs que exploravam o amendoim, óleo de palma e borracha. Em 1879 a Guiné passa a ter um governo próprio. Em 1943 a capital é fixada em Bissau.
Portugal já era há muito uma Potência independente, quando em 1581 passou para o domínio espanhol. Os Portugueses já haviam dobrado o cabo da Boa Esperança, aberto novo caminho ao comércio das Índias, e enchido com o seu nome esse rico país, onde se assinalaram por inúmeras façanhas e formaram os primeiros estabelecimentos europeus. Tinham descoberto o Brasil, e começado a fundar nessa parte da América uma colónia rica.
Não puderam as demais Potências da Europa ver sem receio, que se reunia aos reinos de Espanha uma monarquia tão vantajosamente situada para fazer uma grande parte do comércio do mundo, e que possuía os mais ricos e vastos estabelecimentos em ambos os hemisférios.
Assim quando os Portugueses em 1640 tentaram restituir ao trono a casa de Bragança, receberam poderosos socorros, mas nenhuma Potência lhos ministrou mais eficazes que a França.
Via a razão desse afastamento no triste episódio do infante D. Duarte, irmão do duque de Bragança, depois rei D. João IV. Após ter servido o imperador Fernando III na guerra contra os Suecos e seus aliados durante alguns anos, D. Duarte veio a ser preso quando se verificou a restauração portuguesa de 1640 e depois vendido aos Espanhóis, que o encerraram no castelo de Milão, onde permaneceu até à morte, em 1649.
Este caso e a prolongada guerra em que Portugal defendeu, contra a Espanha, a independência recuperada (1640-1668) tornaram impossível, por muito tempo, a normalização das relações entre Lisboa e Viena. Nem sequer a paz com o país vizinho (1668) veio alterar de modo sensível esta situação, dado que o relacionamento entre os dois Estados peninsulares não seguiu, desde logo, um caminho fácil, não faltando, nos primeiros anos, desconfianças e incidentes perturbadores.
Com a pacificação europeia dos tratados de Nimega (1678-1679), que puseram fim à chamada guerra da Holanda? Pacificação em que empenhara grandes esforços o papa Inocêncio XI, pôde este alimentar a esperança de ver os príncipes cristãos unirem-se contra os Turcos. É sabido que este pontífice? o mais notável do século XVII ? tinha feito da luta contra o perigo otomano uma das maiores preocupações da sua vida e do seu governo. Segundo o seu projecto, devia ser constituída uma aliança entre os países mais directamente ameaçados, enquanto os outros se limitariam a auxiliar com armas ou dinheiro.
Nesse sentido Inocêncio XI fez desenvolver uma intensa actividade diplomática nas capitais europeias e, dando o exemplo do que pregava, enviou ele próprio, durante o seu pontificado, importantes ajudas financeiras ao Imperador, à Polónia e a Veneza. E precisamente o perigo turco é que viria em breve a constituir um factor de aproximação entre Portugal e a Áustria.
Após um período de crises internas, com o consequente enfraquecimento do poder central e a desordem administrativa, o império otomano beneficiou, no terceiro quartel do século XVII, de vinte anos de estabilidade, assegurada por dois enérgicos grão-vizires da família Köprülü, de origem albanesa, que ocuparam sucessivamente o cargo (1656-1676). À restauração da autoridade interna correspondeu, no plano exterior, uma política de restabelecimento do prestígio e da preponderância militar, que não tardaria a transformar-se em temerosa ameaça para a Europa central. Abriu-lhe caminho o problema húngaro.
Arquiduques da Áustria e senhores dos outros «países hereditários», os príncipes da casa de Habsburgo eram também, no século XVII, imperadores do Sacro Império Romano-Germânico e reis da Boémia e da Hungria, esta reduzida à chamada Hungria real, pois a maior parte do território estava ocupada pelos Turcos desde o século XVI. As relações entre o soberano austríaco e os súbditos magiares tinham sido frequentemente difíceis, acabando por fim em revolta aberta, que, prolongada no tempo, veio a causar grandes embaraços à corte de Viena.
Os progressos da insurreição na Hungria real suscitaram uma crescente intervenção turca nesta região, colocada praticamente, desde 1682, sob protecção otomana. Por influência da política guerreira do grão-vizir Kara Mustafá, e aproveitando o momento favorável, empreenderam os Turcos a grande ofensiva do verão de 1683, e, desde 14 de Julho, Viena ficou cercada por um poderoso exército, que os historiadores modernos calculam de 100.000 a 140.000 combatentes. “A mais importante campanha da história turca tinha começado”, no dizer de um estudioso desta nacionalidade, e, com ela, um período de grave preocupação para o mundo cristão.
Em 1640, quando a classe média e aristocracia, descontentes com o domínio espanhol e com o reinado de Filipe III de Espanha II de Portugal, quiseram restaurar a independência, foi ele o escolhido para encabeçar a causa. João aceitou a responsabilidade com relutância, diz a lenda que incentivado sobretudo pela sua mulher Luísa de Gusmão.
A 1 de Dezembro deu-se o golpe e, em 15 de Dezembro foi coroado Rei de Portugal; foi aliás o último rei de Portugal a ser coroado, pois D. João ofereceu a coroa de Portugal a Nossa Senhora da Conceição, em Vila Viçosa, que desde então se tornou rainha e padroeira de Portugal.
Após a Restauração, seguiu-se uma guerra com Espanha na Península Ibérica e nas colónias, onde Portugal foi assistido pela Inglaterra, França e Suécia (adversários dos espanhóis na guerra dos trinta anos). A independência de Portugal foi reconhecida por Espanha apenas em 1668.
Filho de Henrique IV e Maria de Médicis, foi coroado, ainda criança (1610), tendo a regência sido confiada à sua mãe. Em 1614 passou a exercer o poder, tendo procedido a uma purga entre os seguidores da rainha-mãe, entre os quais pontificava o italiano Concini, mestre de venalidade. O início do reinado foi perturbado pela resistência da alta nobreza e dos huguenotes. Graças a Armand du Plesis, cardeal Richelieu, homem de rara argúcia e talento político, consegue articular, no plano interno, uma política de centralização, com a sufocação das veleidades da nobreza e irradicação do protestantismo. Em 1628 manda atacar o bastião do protestantismo gaulês, La Rochelle, sem que tal iniciativa o iniba de desenvolver uma política de apoio aos príncipes alemães protestantes em guerra com a Espanha da Áustria e o Sacro Império de Fernando II de Habsburgo, paladinos do catolicismo.
Em 1635, decide-se pela intervenção da França ao lado dos Protestantes na Guerra dos Trinta Anos (1618-48). O fim do reinado foi marcado pelos flagelos da fome e das Jacqueries (revoltas camponesas) motivadas pela penúria causada pela guerra. Ao morrer, deixa no trono o seu filho Luís (Luís XIV), de quatro anos de idade.
Henrique Tigo