segunda-feira, outubro 22, 2007

Andorinhas

Andorinhas, que futuro?




Uma das grandes recordações que tenho das minhas férias de Verão, em Vila Nova do Ceira, são as Andorinhas. Sempre fui um rapaz da cidade, onde não existem Andorinhas e ficava encantado com elas.
Lembro-me que uma vez na Sandinha, em Setembro, havia tantas, tantas era um espectáculo lindo, pois têm entre 17 e 19 cm de comprimento e 32 a 34,5 cm de envergadura. À semelhança das outras aves desta família, possui bico curto e escuro, corpo esbelto e asas compridas. A cabeça, dorso, cauda e asas (com excepção das penas de voo que são pretas) são azuladas; as faces e garganta são avermelhadas e o peito e a barriga são brancos. Tem um voo leve e hábil, tipicamente com rápidas mudanças de direcção, seguindo os movimentos dos insectos que persegue. E ali estavam elas, todas alinhadas a espera do sinal para partirem.
Sendo aves migratórias, as Andorinhas simbolizam o regresso da Primavera e o início do Outono. Passam o Inverno em África e depois fazem a longa viagem de regresso à Europa, o que exige uma extraordinária capacidade de orientação, não sendo totalmente isenta de perigos, muitas morrem pelo caminho, quer por causas naturais quer abatidas desnecessariamente pelo homem.
As Andorinhas revelam uma excelente sensibilidade e de capacidade de memória pois voltam para ninho do qual partiram no Outono anterior. Mas muitas vezes quando regressam o Homem já destruiu os ninhos, por questões estéticas ou por simples maldade, esquecendo-se das questões ambientais, tendo em conta que elas se alimentam quase exclusivamente de insectos voadores, (moscas, mosquitos, melgas) na sua maioria dipteros, perseguindo-os com um voo extremamente hábil e eficaz. Capturam também, embora esporadicamente, insectos não voadores, principalmente em épocas do ano em que estes existem em grande abundância, se destruirmos os seus ninhos e as matarmos, teremos um Verão com muitos mais insectos.
Matar as andorinhas ou destruir-lhes os ninhos é uma atitude irresponsável que lesa o nosso património natural e o nosso bem-estar, além de ser crime (todas as andorinhas estão protegidas legalmente pela Conversão de Berna, ratificação pelo Governo Português através do Decreto-Lei n.º 95/81 de 23 de Julho e ainda por uma directiva do Conselho das Comunidades Europeias, que além de proteger as aves, protege os seus ninhos e ovos).
Se é verdade que estas aves, lindas e inteligentes, podem sujar as nossas casas e a nossa roupa, é igualmente verdade que as vantagens que nos trazem são superiores e a destruição dos ninhos das Andorinhas, só agravam a situação de declínio em que se encontra quase toda a nossa fauna selvagem.
Já basta que as alterações, nas práticas agrícolas, que levaram à intensificação da agricultura e à consequente perda do habitat, estarão certamente na base do registado declínio populacional desta espécie. A drenagem de áreas húmidas e o uso de herbicidas e pesticidas resultam na diminuição da disponibilidade de alimento e de áreas propícias à alimentação. As andorinhas são ainda extremamente susceptíveis às alterações do clima. O mau tempo é responsável por uma redução no número de insectos, afectando o sucesso reprodutor e, especialmente durante a migração, aumentando a mortalidade destas aves.
Por isso apelo, não destruam os ninhos, não matem as Andorinhas em Vila Nova do Ceira, para que os jovens, que vivem nas cidades, tenham hipóteses de contemplarem estas aves maravilhosas.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Adriano Correia de Oliveira

Homenagem a Adriano Correia de Oliveira.


Existem pessoas que nunca, deviam Morrer e Adriano Correia de Oliveira é uma delas… Morreu fisicamente mas não a sua memória, que ficará, para sempre gravada, mas mentes dos seus amigos e nos corações dos seus admiradores.
Vivi a minha infância e grande parte da adolescência nesta zona típica de Lisboa de ruas estreitas e empedradas adjacentes às zonas do Carmo e do Chiado, conhecido como Bairro Alto, outrora conhecido como Vila Nova dos Andrades.
Convivi com cenários e personagens que me deixaram uma memória tão rica (e motivadora), na companhia do meu pai cresci por redacções de jornais já extintos, o conservatório nacional (local de trabalho dos meus pais durante vários anos), os bares e casas de fado, bailarinas e arlequins...
Conheci a “fina flôr “ das artes e da cultura, na Brasileira do Chiado ou no Coche Real e nas suas tertúlias. O meu imaginário infantil está repleto de personalidades públicas que conheci nesse tempo dois quais destaco:
O Dr. Gustavo Soromenho, João Mota, Abílio Belo Marques, Carlos Paredes, Adriano Correia de Oliveira, Maluda, Baptista-Bastos, Beatriz Costa, Jesus Ferreira, Agostinho da Silva, Maestro Vitorino de Almeida entre dezenas de outros, que todos os dias tomavam café com o meu Pai e que eu acompanhava desde bebé.
Lembro-me vagamente daquele “amigo” do meu pai, e de quem o meu pai me dizia que tinha uma voz maravilhosa…
Dele guardo alguns discos de vinil e dois CD’S, e tenho ainda um Cd do Orfeon Académico de Coimbra, no qual ele canta e que foi gravado quando foi solista do mesmo. Adriano Em 1959 rumou a Coimbra, onde estudou Direito, tendo sido repúblico na Real República Ras-Teparta, e fez parte do Grupo Universitário de Danças e Cantares e do Círculo de Iniciação Teatral da Académica de Coimbra. Tocou guitarra no Conjunto Ligeiro da Tuna Académica.
Em 1963 saiu o primeiro disco "Fados de Coimbra" que continha a sua musica mais conhecida, e quanto a mim a mais actual, Trova ao Vento que Passa, com poema de um colega chamado Manuel Alegre, era uma música que reflectia a sua resistência ao Estado Novo, tornando-se assim o hino do movimento estudantil, lutou e gravou dezenas de musicas anti-fascistas.
Já em liberdade e em democracia, fundou a Cooperativa Cantabril e publicou o seu último álbum, "Cantigas Portuguesas", em 1980, no ano seguinte, numa altura em que a sua saúde já se encontrava degradada rompeu com a direcção da Cantabril e ingressou na Cooperativa Era Nova. Em 1982, com quarenta anos, num sábado, dia 16 de Outubro, morreu em Avintes, terra que o viu nascer a 9 de Abril de 1942, nos braços da mãe, vitimado por uma hemorragia esofágica.
Mas para sempre ficará entre nós e para ele o meu sentido obrigado, por ter tentado transformar Portugal num pais melhor.


Texto e Desenho de Henrique Tigo

Água em Góis

A Água em Góis – Entre o Barro e as Doenças

Foi com grande alegria/tristeza que li no Jornal “O Varzeense”, o artigo de opinião, de Rodrigues Neto intitulado “A Água em Vila Nova do Ceira”.
Com alegria porque vejo, que ainda existem pessoas com coragem no Concelho de Góis, para escrevem sobre os males de uma das mais belas regiões do nosso Portugal.
Como escreveu o poeta Manuel Alegre e o Adriano Correia de Oliveira cantava:

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Com tristeza porque em pleno século XXI e todos nós sabendo aquilo que está na “Carta Europeia da Água”, de 1968, não há vida sem água; a água é um bem precioso indispensável a todas as actividades humanas; a água é um património de todos e todos devemos reconhecer o seu valor; cada um de nós tem o dever de a economizar e de a utilizar com cuidado; alterar a qualidade da água é prejudicar a vida do homem e dos outros seres vivos.
Existem municípios que não tratam das suas águas com o respeito que deviam ter. Ainda mais no caso do Concelho de Góis que tem pontos de água com boas condições de acesso, onde só tem de se realizar a transformação química para poder ser descontaminada, sendo este o campo onde a Câmara Municipal tem desempenhar um papel importante ao nível da inventariação e manutenção, o que não está a acontecer, como é tão bem relatado pelo Rodrigues Neto.
Eu estive em Góis após a concentração motard e a água estava realmente “barilenta” para não dizer pior, como diz o artigo: …”A água sai castanha, até da máquina de lavar; canalizações antigas rebentam devido ao excesso de pressão da rede (9 quilogramas na zona do Adro); electrodomésticos e esquentadores avariam por causa da alta pressão; e aquando das festas das motos, devido ao elevado número de visitantes…”
A autarquia Goiense já devia saber, que em Agosto e devido a concentração que já vai no 14ª ano e o número de habitantes/turismo que dispara, deviam ter mais atenção e não permitir que essa situação aconteça. Mas realmente este ano foi um pouco demais.
A água que é hidróxido de hidrogénio ou monóxido de di-hidrogénio ou ainda protóxido de hidrogénio é conhecida por ser uma substância líquida que incolor (não tem cor) ao olho humano, inodora (não tem cheiro) e insípida (não tem sabor) além de extremamente essencial a todas as formas de vida, composta por hidrogénio e oxigénio sendo a sua formula química H2O.
No Concelho de Góis, no mês de Agosto, a única coisa que a água tinha daquilo que acabei de dizer era a sua fórmula química.
Nas águas contaminadas, podemos encontrar, bactérias, fungos, toxinas podemos ainda encontrar metais pesados dissolvidos na água, como cromo, chumbo ou mercúrio, que podem provocar diversos tipos de doenças… E de quem é a culpa desses tipos de doenças?
Falando em água e não estando directamente ligado, aproveito para falar sobre a taxa de esgotos cobrada pela C.M. Góis, mesmo às pessoas que não usufruem desse serviço, e para que nos devolvam o nosso dinheiro, temos de nos deslocar lá, apresentar uma reclamação. Daqui só posso depreender que alguém não está a fazer o seu serviço, ou então é uma nova uma forma de extorquir dinheiro dos contribuintes.

terça-feira, outubro 16, 2007

Análise Demográfica de Góis


GÓIS - HENRIQUE TIGO LANÇOU LIVRO



“Análise Demográfica do Concelho de Góis”, da autoria de Dr. Henrique Tigo, foi lançado no sábado, dia 25, na Casa do Artista.
O tema foi pela primeira vez explorado por Tigo através de uma disciplina na Faculdade e o
trabalho incidiu precisamente em Góis, por ser o concelho onde estão as raízes do escritor.
Um assunto que "estava pouco estudado" e sobre o qual escasseava informação. Da investigação feita para disciplina e consequentemente para o livro, concluiu que em 1864 o concelho tinha mais de 10 mil habitantes, nos anos 60 e 70, quase 13 mil, porém actualmente o número não vai além dos 4 mil, o que levou o geógrafo a perguntar "O que é que aconteceu em Góis?", "O que é que levou as pessoas a abandonarem Góis?", "O que é que nós podemos fazer para que Góis volte a ter um considerado número de habitantes?".
Segundo Henrique Tigo o livro não é uma obra exaustiva, mas um "pequeno estudo", para o qual o autor recolheu alguns dados e que na sua óptica pode contribuir para que outras pessoas
interessadas pela matéria, consigam desenvolver um trabalho de forma a responder às questões
que fez. "Como nós sabemos, Góis não tem fábricas, não tem postos de emprego, não tem nada",
disse, voltando a perguntar "O que é que nós goienses podemos fazer para desenvolver o concelho de Góis?". Apesar de não ter nascido no concelho, os avós são de Vila Nova do Ceira, pelo que desde muito novo visita a localidade. " A primeira vez que vim a este concelho tinha 19 dias de idade", afirmou, começando a explicar o carinho pela região. "Aqui aprendi a nadar, a andar de bicicleta, aqui fiz amigos, aqui cresci", expressou. Confessou que ia "falar do coração" e nesse sentido, das muitas histórias que disse poder contar, optou pela do médico. Doente com 40 graus de febre, foi encaminhado para o hospital de Góis, tinha 10 anos. "Estava lá um doutor muito simpático que brincou comigo e me salvou a vida", recordou, revelando, "era o doutor José Cabeças", figura que Tigo disse ter uma "profunda admiração" e que se encontrava presente no lançamento do livro, apoiado precisamente pela ADIBER, instituição a que o médico preside. A José Cabeças o geógrafo fez o seu «primeiro obrigado» da tarde e a quem atribuiu alguns dos acontecimentos positivos para Góis, como um maior interesse pelas artes, na época em que se disse se ter iniciado o Góis Arte e o GóisFashion, e a criação de infra-estruturas, nomeadamente para as praias fluviais. O «segundo obrigado» foi para José Matos Cruz, antigo responsável pelo jornal "O Varzeense", por ter sido o primeiro a publicar uma notícia sobre Tigo (quando nasceu), a sua exposição de pintura em 1993 um artigo seu no jornal, e o primeiro a ajudá-lo no trabalho sobre a Análise Demográfica na Faculdade, juntamente com Cila. "Grande parte da documentação devo a estas duas pessoas".
Livro com marca da ADIBER, o apoio da ADIBER no livro "Análise Demográfica do Concelho de Góis" insere-se no âmbito de um projecto "Beira-Serra, cultura viva", tendo como base, nessa área, o projecto Leader+, que ajuda financeiramente autores da região da Beira-Serra, caso de Henrique Tigo. "Um documento que é de facto muito importante, por isso ele é merecedor do nosso aplauso e da nossa consideração", salientou Dr. José Cabeças, lamentando contudo os números "nada favoráveis" referentes à população goiense. Ainda que considere que a desertificação não é um problema apenas do concelho, mas também em algumas regiões da Europa, José Cabeças foi peremptório. "Temos de tomar medidas concretas para parar esta desertificação humana".
Enaltecido pelas qualidades profissionais, Joaquim Santos falou, principalmente, do "fiel" amigo
Henrique, do "muito talento", da base educadora que o tornou numa pessoa de "valores vincados" e do "homem de causas".

Por: jornal de arganil - Diana Duarte
Jornal de Arganil - Page 1/2

Portugal e as Migrações

Portugal e as Migrações
“Novos e Velhos Desafios”

Mais de 4 milhões de Portugueses nos anos 80 do século passado, residiam e trabalhavam fora de Portugal, e tínhamos um número bastante pequeno de estrangeiros, achávamos graça a um brasileiro ou um cidadão de Leste e ficávamos excitados por falarmos com eles e eles nós falarem dos seus países.
Éramos claramente um país de emigrantes e estávamos espalhados por tudo o mundo, mas como dizia o poeta “… Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades…” desde os anos 90 e principalmente com o virar do século Portugal tinha 400 mil imigrantes em Portugal, mesmo assim somo um país de migrantes.
Com a era da globalização, o fenómeno das migrações, começou a acentuar-se e começamos a receber no nosso pais ondas de migrações vindas do Brasil e dos ex-Países de Leste ou seja, depois de se ter sentido como nunca, nas últimas décadas, uma entrada maciça de trabalhadores estrangeiros, a partir de 2001 ano em que se verificou o maior processo extraordinário de legalização de sempre.
Em 2005 parece ter ocorrido uma autêntica dispersão do país, que se prolongou durante o ano de 2006, assim é normal que, o número de estrangeiros residentes em Portugal atingiu, no ano de 2006, o valor mais baixo dos últimos cinco anos. De acordo com um relatório do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), esta tendência de quebra, que terá sobretudo que ver com a falta de emprego, tornou-se mais evidente a partir de 2004.
No ano passado – ver Dados Oficiais do INE – entre autorizações de residência, autorizações de permanência e vistos de longa duração, contabilizavam-se 409.185 cidadãos estrangeiros a viver em Portugal, menos 5500 do que em 2005 e menos quase 40.000 do que em 2004. Pegando nessas autorizações de residência e cruzando-os com os dados reunidos pelo SEF – ver na pagina da internet www.sef.pt – pode-se concluir que foram precisamente os que entraram na regularização extraordinária de 2001 (e que só foi concluída em 2004) que optaram por sair do país nos últimos anos com particular destaque para os cidadãos da Europa de Leste.
Esta conclusão surge a partir do número de autorizações de permanência concedidas e revalidadas anualmente, uma vez que este título foi criado, especificamente, para o referido processo de legalização de 2001 – ver na página da internet www.mundopt.com.
Mesmo que grande parte destes títulos se transformaram em documentos de residência findo cinco anos, ou que adquiriram estatuto de residentes por outras razões, nota-se que das 174.500 autorizações de permanência concedidas e prorrogadas em 2002, só se mantiveram 32.661.
Numa classificação de estrangeiros legalizados por nacionalidade, percebe-se que esta tendência não afecta as comunidades imigrantes mais antigas estabelecidas em Portugal: Cabo Verde (sendo este o país com mais imigrantes em Portugal), Angola e Guiné-Bissau estão com os mesmos valores. Nem o Brasil, que é o país que mais pressão exerce sobre as fronteiras portuguesas e que beneficiou do chamado Acordo Lula em 2004.
Por outro lado os imigrantes que saíram em maior número foram, da Roménia, Ucrânia, da Moldávia, sendo os três países que mais usaram os recursos extraordinários de legalização previstos no processo de 2001.
A Ucrânia, que chegou mesmo a ultrapassar Cabo Verde em número de imigrantes, tinha 64.730 cidadãos registados com autorizações de permanência em 2004, mas em 2005 esse valor baixou para cerca de 33.500 e em 2006 voltou a baixar para 29.500.
O fenómeno das migrações, está ligado ao crescimento das desigualdades, ao mesmo tempo que está ligado a profundas transformações, mesmo assim é necessários analisar as migrações pelos seus méritos, visto que os países de destino dessas migrações, vêem os imigrantes como um contributo significativo para o crescimento económico, assim como uma resolução para os problemas do desequilíbrio dos problemas demográficos, que no caso Português está ligado ao envelhecimento das nossas populações.
Devemos então apoiar as migrações em Portugal? Acredito que temos aqui um tema para reflectir e construirmos um bom debate, que talvez vá ajudar no combate a desertificação do nosso interior.