segunda-feira, julho 17, 2006

D. Afonso Henriques

D. Afonso Henriques e a sua herança


D. Afonso Henriques foi o primeiro rei de Portugal.

Era filho do conde D. Henrique e da infanta D. Teresa e terá nascido em Coimbra e foi, possivelmente, criado em Guimarães onde viveu até 1128.

Tomou, em 1120, uma posição política oposta à de D. Teresa (que apoiava o partido dos Travas), sob a direcção do arcebispo de Braga. Este forçado a emigrar leva consigo o infante que em 1122 se arma cavaleiro. Restabelecida a paz, voltam ao condado. Entretanto novos incidentes provocam a invasão do condado portucalense por D. Afonso VII, que, em 1127, cerca Guimarães onde se encontrava D. Afonso Henriques.
Sendo-lhe prometida a lealdade deste, D. Afonso VII desiste de conquistar a cidade. Mas alguns meses depois, em 1128, as tropas de D. Teresa defrontam-se com as de D. Afonso Henriques tendo estas saído vitoriosas – o que consagrou a autoridade de D. Afonso Henriques no território portucalense, levando-o a assumir o governo do condado. Pouca gente sabe. Mas, graças à esperteza política de Afonso Henriques, Portugal é a primeira nação europeia a se estabelecer como Estado independente.

Antes do ano 1200, Portugal já é Portugal. Com direito, inclusive, a língua própria: o galaico-português.

Estadista, raposa política, vitorioso, implacável, espertíssimo: Afonso constrói uma história rocambolesca. Tudo que pode manipular a seu favor, manipula sem escrúpulos.

Inicia a trajectória de vitórias fundando um reino. Para tanto, manda a mãe embora sem sequer dizer adeus. Naquele tempo, porém, ninguém analisa a possibilidade de Portugal ser consequência de um Complexo de Édipo mal resolvido.

Casado com a discreta Mafalda de Sabóia - com quem tem sete filhos, entre eles, o herdeiro Sancho –, Afonso Henriques abençoa quatro bastardos. Um documento de 1184, descortina o inesperado pai carinhoso. Quando uma de suas filhas legítimas casa com o conde de Flandres, Afonso Henriques não titubeia. Para alegrar a noiva, enche vários navios com o que existe de mais fino. As naus saem do porto de Lisboa abarrotadas de vestidos bordado a ouro, jóias preciosas, sedas, mais ouro, mais jóias, tudo que pudesse alegrar a menina alegre, filha de pai poderoso.

Ao herdeiro, Sancho I, Afonso Henriques deixa a única recomendação geopolítica: a construção de uma ponte entre o norte e o sul do país para não se perder a unificação que ele custara fazer e manter. Pena que não existam registros se Sancho obedeceu, ou não, às ordens paternas.

Afonso Henriques, o pai da pátria portuguesa, morre no dia 6 de Dezembro de 1185, em Coimbra, mesma cidade onde nasceu. Seu corpo é enterrado no Mosteiro de Santa Cruz.

Agora 821 anos após a sua morte um grupo de Cientistas querem reconstituir o perfil biológico.
Pois coexistem várias especulações sobre a estatura de D. Afonso Henriques. Teria ele 1 metro e 60 cm ou 1metro e 70 cm, como refere o historiador José Hermano Saraiva?
Ou 1 metro e 80 cm, como nos diz o historiador A. H. Oliveira Marques?
Ou teria dois metros, como aparece nalguns relatos históricos, principalmente os relatos feitos durante o Estado Novo?
Que faziam dele um gigante muito forte e muito alto porque a sua espada era pesadíssima.

O certo é que a descrição física de D. Afonso Henriques que perdurou até hoje é a de um homem grande e forte, como se lê na biografia de Diogo Freitas do Amaral, a única, até ao momento, dedicada especificamente a D. Afonso Henriques.

Fisicamente, era um homem alto e forte, com uma saúde de ferro: governou Portugal durante 57 anos, dos quais 45 com o título de rei. Foi o mais longo reinado ou mandato governativo, até hoje, na história de Portugal, em monarquia ou em república.

Mas esta imagem não surgiu do nada. A cerimónia da primeira transladação teve duas descrições. No século XVII, tanto o frei Timóteo dos Mártires como o frei Nicolau de Santa Maria relataram-na em crónicas, como nos relata o Historiador José Mattoso.

Timóteo dos Mártires diz que D. Afonso Henriques tinha dez palmos de altura - seria alto, com dois metros. Nicolau de Santa Maria fez uma descrição mais dramática: "Diz que D. Manuel sentou o corpo de D. Afonso Henriques num trono, com a espada na mão. As pessoas beijavam a mão ao cadáver. Os cronistas da época eram fantasistas", relata Mattoso.

Também a idade certa que tinha ao morrer é uma questão. Sabe-se que foi em Dezembro de 1185, em Coimbra, só que não se sabe o ano em que nasceu, embora 1109 seja o mais provável, o que situaria a morte aos 76 anos, no entanto, no túmulo manuelino, o epitáfio diz que morreu com 91 anos.

Com todas estás questões/dúvidas pretende-se através de um pequeno orifício no túmulo de D. Afonso Henriques, na igreja do Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, introduzir um aparelho médico, um endoscópio, para espreitar lá para dentro.

Assim pretende-se analisar o que resta de D. Afonso Henriques, o seu esqueleto, pode dar-nos informações inéditas. Os ossos guardam episódios da vida que, devidamente decifrados, se tornam fontes documentais insubstituíveis.

Para tal, os ossos e outros restos mortais, como cabelos ou unhas, se os houver ainda, vão ser submetidos a uma bateria de estudos, como a datação por radiocarbono, a tomografia axial computorizada (TAC) e análises químicas e toxicológicas.

Também tentará obter-se ADN, para traçar o perfil genético do rei. Medições dos ossos, baseando-se no estudo de certos ossos, talvez possa obter uma estimativa do grupo etário onde se incluía D. Afonso Henriques, para determinar a estatura do rei, e a observação à lupa, para detectar marcas de patologias, são outras coisas a fazer.

Mas quanto a mim isto irá abrir ainda mais dúvidas e mais questões, será que andamos à séculos a sermos enganados? Como iremos ver a história a partir do momento em que tivermos estas respostas? Será que não irá ficar ainda mais em causa a Dinastia Portuguesa? Valerá a pena?
Como nos diz Fernando Pessoa: “Valeu a pena? Tudo vale a penaSe a alma não é pequena”.
Espero sinceramente que a História e a Cultura Portuguesa fiquem mais ricas com estas descobertas.

terça-feira, julho 04, 2006

Nem 8 nem 80

Nem 8 nem 80



Antes de começar devo confessar que nunca fui grande adepto de futebol, mas como “homem das artes” também nunca vi os futebolistas/treinadores adeptos de exposições de pintura entre outras actividades culturais.
Não deixo contudo de estar satisfeito pelas vitórias de Portugal neste Mundial e de sentir algum orgulho de ser Português!
Mas daí a esquecer-me dos problemas que temos no nosso Pais e de deixar que ter respeito pelo nosso maior símbolo, a Bandeira Nacional…
Tive conhecimento que nas lojas chinesas já existe roupa interior com a bandeira Nacional, haverá maior falta de respeito pela nossa pátria?
O nosso Governo deve estar muito feliz com a história do mundial, pois deixou de haver greves, nunca mais ninguém questionou o governo sobre nada, nas televisões deixou de haver problemas e o nosso Povo esqueceu-se dos problemas, já ninguém fala que:
- Temos o país da Europa com maior índice de abandono escolar, e analfabetismo;
- Que em Portugal, existem milhares de pessoas a passar fome e que enviamos apoio alimentar a outros países e que esquecemos o nosso;
- Existem milhares de dirigentes das milhentas Fundações, que deviam estar a fazer alguma coisa útil, para o nosso pais em vez de só estarem a receber o ordenado;
- Que cada vez temos mais Centros Comerciais e cada vez menos Centros de Saúde, Hospitais, Escolas, Universidades e Infantários;
- Os alunos dos diversos graus de ensino, passarem de ano por terem tido notas para isso que muitos não saibam nem ler nem escrever muito menos saber o que foi o 25 de Abril de 1974, o Estado Novo, Salazarismo, quem foram o Capitão Salgueiro Maia, Prof. Agostinho da Silva, Dr. Raul Rego, Prof. Vitorino Nemésio, Fernando Pessoa e muitos, muitos outros;
- É pena que não exista Nenhum ministro, nenhum professor, nenhum jornalista que não diga: tênhamos ou póssamos e há três anos atrás…
- O povo esquece que devem ensinar as suas crianças a respeitar os Professores, e que todos os professores devem ser competentes;
- Esquecemos que as nossas televisões transformam os Incêndios de Verão em grandes espectáculos de variedades.
- O peixe não chegar às mesas de quem o pode comprar 10 vezes mais caro do que foi vendido nas lotas, para que mais pessoas o possam comer, menos intermediários se possam encher e mais pescadores sejam compensados pelo seu trabalho.
Existem outros mil problemas que o nosso povo esqueceu, devido ao Mundial e enquanto metiam na Janela de casa dos carros etc, a nossa Bandeira…
Já que andam a colocar a Bandeira pelo menos saibam a sua simbologia:
A nossa Bandeira foi instituída em Novembro de 1910, pouco depois da implantação da República em Portugal (5 de Outubro de 1910) e as suas cores têm a seguinte simbologia:
O verde no ideário positivista e republicano (séculos XIX e XX), simboliza as nações que são guiadas pela ciência. Na versão popular simboliza a esperança no futuro.
O vermelho é a cor das revoluções democráticas desde o século XVIII percorreram a Europa, como a revoluções de 1848, a Comuna de Paris (1871) ou a revolução republicana em Portugal de 31 de Janeiro de 1891. Simboliza a luta dos povos pelos grandes ideais de Igualdade, Fraternidade e Liberdade. Na versão popular simboliza os sacrifícios do povo português ao longo da sua história.
Esfera armilar era o Emblema do rei D. Manuel I (1469 -1521) e que desde então esteve sempre presente nas bandeiras de Portugal. Simboliza o Universo e a vocação universal dos portugueses. Na versão popular simboliza os descobrimentos portugueses.
O Escudo de Armas remete para a fundação de Portugal. Simboliza a afirmação da cultura ocidental no mundo, e em particular dos seus valores cristãos. Os castelos, quinas e os besantes evocam conquistas, vitórias e lendas ligadas à fundação de Portugal por D. Afonso Henriques (1109-1185).
Mas desejo do fundo do coração que Portugal vença o Mundial de Portugal e que o Povo Português tenha orgulho em ser Português, mas sem se esquecer dos nosso Problemas.

Henrique Tigo