domingo, junho 24, 2012

Joaquim Evónio


MORREU o Meu Padrinho
Morreu a Poesia…

Copo numa mão, cigarro na outra, barba tipo “Pai Natal”, sorriso nos lábios e na Voz um Poema!!!
Este era o meu Padrinho/Tio Évonio.
Joaquim Évonio, atleta e campeão nacional na juventude, Coronel (Militar de Carreira) foi dos primeiros militares a ir para a Guine onde fez 3 comissões, lá ficou sem um pé e um dedo… Dizia com orgulho que por causa da Guerra Colonial tinha sido operado 17 vezes, todas com anestesia geral…
Criador da Proteção Civil em Portugal.
Comendador da Ordem Heráldica da Paz Universal, agraciado com o grau de Cavaleiro da Real Ordem do Leão do Ruanda.
Escritor, poeta e amante das artes, escrevia como ninguém, era das pessoas que mais conhecia a língua portuguesa, revisor de textos e livros, não conseguia estar quieto, amava tertúlias e dizer poesia, as vezes íamos jantar num restaurante qualquer e de repente levanta-se e começava a declarar poesia, ia até ao pé das pessoas das outras mesas e declamava um ou outro poema, depois voltava. -“A poesia é a melhor sobremesa” dizia muitas vezes…
Foi um dos maiores patronos das artes, colecionador de arte e pintura, adorava exposições e era rara a exposição onde não comprava um quadro ou dois.
Criador da “Varanda das Estrelícias”, com vocação para acolher quanto se produza nos países de expressão lusófona, quer se trate de Poesia, Prosa ou Artes plásticas.
Isto é o que todos sabem, mas para mim era muito mais, era o meu Padrinho/Tio, um doce de pessoa, um amigo, um crítico, devo-lhe muito… muito do que sou como escritor, poeta e até pintor devo a este grande Mestre.
Um poço de generosidade para todos, incapaz de estar quieto e de dizer que não a quem lhe pedia ajuda…
Um dos meus poemas preferidos dele era:

A Morte da Lua

A Lua morreu,
Coitada!

Estava tão esburacada
Que ninguém a vai lamentar…
Todos dirão:
Sofrer para quê?

Ela só tinha uma função…

E quem vai preocupar-se
Com a falta que faz aos poetas?
Este poema para mim é uma auto-retrato, pois só nós sabemos a falta que ele nos vai fazer e o quanto Portugal e a língua Portuguesa perdeu… Para mim ficou a sorte de ter sido amigo, sobrinho e afilhado deste “Monstro Sagrado” da cultura Joaquim Évonio Rodrigues de Vasconcelos, Obrigado!!!