sábado, outubro 22, 2011

Desabafo



Desabafo

Hoje vivemos num País absolutamente vazio , aos poucos e poucos estamos a perder a nossa identidade.
No meu bilhete de identidade diz: Nascido em Alcântara, mas podia dizer nascido na Europa que hoje em dia é a mesma, coisa.
Sou um produto de duas coisas, de uns pais maravilhosos, que passados quarenta anos ainda se amam e ainda estão casados e devo ser dos poucos que ainda podem dizer que os seus pais ainda estão casados.
E sou produto do pós 25 de Abril, nascido de uma sociedade que nunca me devotou amor e por um Pais que rapidamente se esqueceu de mim… Só se lembrou de mim, quando me mandou para a Escola Primaria ou me chamou para ir para a Tropa, sim ainda sou do tempo do serviço militar obrigatório.
Vivi a minha infância e grande parte da adolescência nesta zona típica de Lisboa de ruas estreitas e empedradas adjacentes às zonas do Carmo e do Chiado, conhecido como Bairro Alto, outrora conhecido como Vila Nova dos Andrades.
Convivi com cenários e personagens que me deixaram uma memória tão rica (e motivadora), na companhia do meu pai cresci por redacções de jornais já extintos, o conservatório nacional (local de trabalho dos meus pais durante vários anos), os bares e casas de fado, bailarinas e arlequins...
Conheci a “fina flôr “ das artes e da cultura, na Brasileira do Chiado ou no Coche Real e nas suas tertúlias. O meu imaginário infantil está repleto de personalidades públicas.
Fui educado para ser um intelectual, saber de literatura, artes plásticas, teatro, cinema, gostar de tertúlias e de amar o meu semelhante.
Como nasci depois do 25 de Abril, fui igualmente educado a viver numa sociedade, fraterna, igualitária e onde a Liberdade reinaria.
Ainda muito novo inscrevi-me num partido político, mas rapidamente descobri que a letra da musica do Sérgio Godinho, "Como é que gente tão socialista, desiste de fazer o socialismo?"estava correcta que eu podia imaginar.
Depois os meus amados Pais, mostrou-me o que é ter PERSISTÊNCIA... Arrastaram-me literalmente para a Faculdade, a eles devo o meu curso.
Sempre me disseram que devia estar estudar, para contribuir para uma sociedade melhor, e ajudar o meu País… e hoje pergunto-me para quê?
Senão, vejamos de que Pais estamos a falar: Um País cheio de justiça, igualdade, solidariedade. Igualdade de oportunidades???... De onde o Triunfo do Humanismo e da Cultura saiu vencedor?. Será que estes ideais não passam então de palavras ocas? Portugal terá a dar para o torto? A miséria não se cura? A vida digna não é de todos? A usurpação dos bens, pelas minorias privilegiadas, a nova tirania e a nova escravatura são inevitáveis? Não nos resta mais que transigir? Afazermo-nos ao que nos impõem e ficar de bico calado?.
Onde estão os ideais do povo de Abril??? Até parece que esta adormecido, já se esqueceu dos ideais de Abril, como dizem os Homens da Luta “ E o Povo…, pá? Quer dinheiro para um carro novo…”
Vivemos num Pais onde não vale a pela discordar disto e daquilo, pois temos de cumprir sempre as vontades e os preconceitos dos nossos governantes, que grande e terrível verdade, esta. Para não levar pancada, para ter diante de mim o pão e as sopas... eu obedeci, a professores, a chefes e chefezinhos. Hoje sou o que os outros me obrigaram a ser... Um homem ajuizado, útil, domesticado, como a massa de um bolo que se deita numa forma e se leva ao forno.
Para que serviu o meu curso???, Se não há saída profissionais para ele… Para que serve ter sido educado para ser um intelectual, num País onde a cultura é tratada como um vírus e os artistas esquecidos e só se lembram deles quando necessitam…
É triste que 37 anos depois, de ter chegado a tão esperada Democracia as novas gerações nada saibam sobre os diferentes tipos de regimes do que foi a Monarquia, a Republica e o Estado Novo ou sobre a Revolução dos Cravos. Na minha opinião isto é intencional, pois muitos actores do Estado Novo e do 25 de Abril ainda estão entre nós e uns não querem que se sabia o que fizeram e outros querem que se julgue que fizeram mais do que realmente fizeram, auto intitulando-se assim heróis nacionais.
A verdade é que os que mais fizeram estão calados ou esquecidos muitas vezes ofuscados pelo brilho daqueles que pouco ou nada fizeram, mas que se meteram em bicos de pés.
Em 37 anos de democracia, já tivemos Governantes da Direita da Esquerda, Liberais e sei lá mais o quê, mas a verdade é que estamos cada vez pior, pior que no tempo da Monarquia, pior que na 1ª Republica…
Acho que sou um homem bom e livre e de bons costumes, todos os dias tento me transformar num homem ainda melhor, mas sou o que eles querem que eu seja — mas mereceu a pena?
Mereceu a pena esmagar a criança que em mim viveu para entrar no tal mundo construído por adultos cheios de juízo, muito práticos, muito bem comportados? E que mundo é esse?
Hoje, ainda não posso responder: vivemos um tempo cheio de injustiças e de desigualdades, a abarrotar de hipócritas e malandros. Um tempo habitado por homens e mulheres apressados, autênticos fantoches, avaros de amor e de ternura, onde a maioria nem talvez saiba o que isso é!...
Todos os dias, faltam-me as forças e vou perdendo os meus sonhos, Não sei se algum dia vou trabalhar naquilo em que me formei, naquilo que gosto e sei fazer, se alguma dia vou por em pratica a educação que os meus pais me deram… Será que algum dia vou poder ter condições para ter um filho?
Resta-me prometer que tudo farei para mudar isto...

terça-feira, outubro 11, 2011

Título de Guarda de Honra da RAGCPMN


Título de Guarda de Honra atribuído a Henrique Tigo.

No passado dia 24 de Setembro de 2011, foi atribuído a Henrique Tigo o título de Guarda de Honra da Real Associação de Guarda dos Castelos Panteões e Monumentos Nacionais
Sob o Alto Patrocínio da Casa Real Portuguesa, S.A.R. Dom Duarte de Bragança Duque de Bragança e da Real Associação de Guarda dos Castelos, Panetões e Monumentos Nacionais foi levado a efeito, a Missa Capitular de Investidura de novos Guardas da Real Associação. Que teve lugar Antiga Real e Insigne Sé-Colegiada de Santa Maria no Castelo de Ourém.
Esta honra foi atribuída a este Dr. Henrique Tigo pelos serviços prestados à cultura e pela união dos Artistas Plásticos e do Patrocínio.

Jornalista
Orlando Fernandes