PRAXE ACADÉMICA
Lá estamos nós novamente em Outubro, com o início do ano lectivo nas universidades, é tempo de tradição - as praxes académicas.
Todos nós já ouvimos falar sobre a Praxe Académica e todos temos uma ideia mais que não seja preconcebida sobre o que são as Praxes, para uns a Praxe é uma coisa negativa para outros uma coisa bastante positiva.
Mas o que é afinal a Praxe Académica?
A Praxe Académica é um conjunto de tradições geradas entre estudantes universitários e que já há séculos vêm a ser transmitidas de geração em geração. É um modus vivendi característico dos estudantes e que enriquece a cultura lusitana com tradições criadas e desenvolvidas pelos que nos antecederam no uso da Capa e Batina. Praxe Académica é cultura herdada que nos compete a nós preservar e transmitir às próximas gerações.
A palavra Praxe tem origem na palavra grega praxis que significa a prática das tradições, dos usos e costumes. A praxis está de tal modo inserida no nosso quotidiano que quando alguém procede de certa torna só porque era esperado, devido à mecânica dos comportamentos sociais de grupos, não é raro ouvir--se dizer: «Pois... já é da Praxe,,,»,
Ao contrario do que se possa pensar a praxe não é para fazer mal ao caloiro ou gozar com ele, mas sim a praxe serve para ajudar o caloiro ou recém-chegado a Universidade a integrar-se no ambiente universitário, a criar amizades e a desenvolver laços de sólida camaradagem. É através da Praxe que o estudante desenvolve um profundo amor e orgulho pela instituição que frequenta, a sua segunda casa.
A história da Praxe remonta ao século XIV, praticada na altura pêlos clérigos monásticos, mas o seu contexto mais conhecido aparece no século XVI sob o nome de "Investidas". A Praxe, na época, era na realidade bastante dura para com os caloiros, o que a levou a ser considerada "selvagem" peia opinião popular nos finais do século XIX.
A Praxe revestiu-se historicamente de diversas formas, sofreu inúmeras transformações e chegou mesmo a estar proibida e suspensa. Após o 25 de Abril de 1974 a Universidade deixou se ver vista como um lugar sagrando, destinado a muito poucos, e assim com a democratização da Universidade, voltasse a implantar a grande tradição da Praxe Académica.
E novamente contrariando o senso comum a Praxe Académica, não existe somente na Universidade de Coimbra e varia de Universidade em Universidade.
A Praxe Académica e o seu espírito não é apenas das festas e dos copos, ela também ajuda o indivíduo a preparar-se para a futura vida profissional. Através das várias «missões impossíveis» que o caloiro tem de desempenhar, este vai-se tornando cada vez mais desinibido, habituando-se a improvisar em situações para as quais não estava preparado.
Não se pode confundir Praxe Académica com as «pseudo-praxes», executadas apenas por indivíduos ignorantes na matéria. A Praxe não pode nunca ser sinónimo de humilhação ou de actos de violência barata levados a cabo por uns quantos frustrados que não sabem o que são as tradições académicas e só usam um traje para se pavonearem na esperança de serem notados. São indivíduos destes os responsáveis pelo actual estado moribundo da verdadeira Praxe Académica que tem vindo a dar lugar a ditaduras absurdas, um pouco por todo o lado, que partem de ignorantes que desejam que a Praxe seja aquilo que lhes apetecer.
A Praxe Académica é regida por uma hierarquia (ordem decrescente): Dux (aquele individuo que tem mais matriculas da Universidade), veterano, Doutor Veterano, Doutor, Prastrano, Caloiro (aquele que acabou de entrar), contendo as actividades realizadas sempre como base o Bom Senso.
A Praxe Académica e o uso da Capa e Batina representam humildade e o respeito pelos outros.
Todo o estudante da Universidade Lusófona é obrigado quando tem a capa pelos ombros, coloca-la de forma a que qualquer tipo de insígnia não esteja visível. As dobras efectuadas são pelo n.º de matrículas realizadas na secretaria da Universidade e uma dobra a mais com significado livre para o estudante. A capa quando traçada só se pode ver preto.
O traje masculino é constituído por: Batina preta sem ser de gala ou de grilo (com 3 botões em qualquer zona e lapelas acetinadas); Calça clássica preta, com 2 ou 3 pregas, sem dobra na bainha; Gravata preta e lisa ou laço preto; Colete preto masculino, acetinado e com fivela nas costas, tecido igual ao da batina, com dois bolsos e cinco botões (no caso de uso de laço não se usa colete); Camisa branca lisa com um bolso do lado esquerdo, sem motivos, sem folhos, sem botões nos colarinhos e com botões brancos; Sapatos pretos de atacadores (estilo clássico, sem apliques metálicos, não envernizados, com o numero impar de buracos em cada lado); Meias pretas; Capa preta lisa e de estilo académico; Cinto preto; o uso do gorro é opcional; o uso do relógio só de bolso.
O traje feminino é constituído por: Camisa branca lisa, com ou sem bolso, sem botões no colarinho; Casaca preta com dois bolsos com pala (não cintada, com 3 botões no punho e 3 botões à frente); Saia preta (travada, e até 3 dedos acima do joelho, racha na zona posterior); Gravata preta lisa; collans pretas (tipo vidro ou lycra – não opacas, não podendo usar ligas); Sapatos com salto até 3 cm, lisos sem fivelas ou apliques; Capa preta lisa e de estilo Académico.
A vida Académica do estudante é feita de momentos e de recordações, podendo ser retratadas pelos distintivos, insígnias, não devendo no entanto ser colocados os emblemas sem significado a nível académico ou pessoal para o estudante, pois estes emblemas não passam de acessórios que vão contra ao que o traje académico representa a nível académico (Aos elementos de Tunas Académicas é permitido o uso de outro tipo de acessórios).
O uso de Pin’s não deverá também ser exagerado, pois o traje faz parte de uma tradição académica centenária, por isso não deve conter acessórios supérfluos.
O Traje Académico deve ser usado com orgulho, mas nunca com arrogância ou vaidade, pois este simboliza a igualdade entre todos os estudantes.A Praxe Académica tem uma mecânica inerente que, ao ser desrespeitada, acaba por culminar em verdadeiros insultos à tradição.A Praxe é dura, mas é a Praxe.
DVRA PRAXIS SED PRAXIS!
Henrique Tigo