sábado, abril 28, 2007

Vinhos de Lisboa


Os Vinhos de Lisboa.



Ao contrario do que muitos podem pensar também em Lisboa se fizeram bons vinhos. Pois nos anos quarenta e cinquenta do século XX, Lisboa era um cidade muito provinciana e muito perto do campo, campo esse que hoje já não existe dando origens a arranha – céus e a urbanizações gigantes.
Tínhamos então na nossa capital vendedores de quase tudo o que a terra dava, desde os vendedores de morangos de Sintra que na altura eram muito raros e igualmente caros, pois só em Sintra é que os havia e bons e mesmo assim só na época certa.
Circulavam igualmente pela cidade de Lisboa os Aguadeiros com bilhas de barro a “bela” e refrescante água de Caneças, ainda havia os leiteiros que nos levavam em enorme bilhas o leite fresco todas as manhãs a porta de nossas casas, e finalmente circulavam pela nossa urbe o vinho que nos chegava sobretudo em barris, trazidos essencialmente da Estremadura e do Ribatejo.
É nesta época e aqui bem as portas de Lisboa ainda existiam vinhas e se faziam as vindimas, que circulavam em carros de bois e havia ainda as lavadeiras que ficaram na memória colectiva no filme a “Aldeia da Roupa Branca”, com a carismática actriz Beatriz Costa. As lavadeiras traziam a roupa já pronta a ser usada pelos senhores da cidade, depois de terem sido lavadas em Caneças que na altura era muitíssimo longe do centro de Lisboa.
Como se pode comprovar Lisboa vivia um ambiente profundamente rural, comparado com outras grandes cidades da Europa com Londres ou Paris.
Eram poucas as marcas de vinho muito menos engarrafado e as que existiam eram produtos de luxo destinadas somente a burguesia da cidade, assim o consumo de vinho fazia-se sobretudo a garrafão. Mas mesmo assim existiam algumas que procuravam atingir exactamente um público urbano menos conhecedor mas disposto a consumir algo que não fosse tão banal como o vinho vendido a garrafão, com este intuito apareceu o vinho Camilo Alves e o Teobar, uma invenção de João Teodório Barbosa, igualmente criador das Caves Dom Teodório e o Teo vinha de Teodório e o Bar de Barbosa.
O seu negocio vinículo começou em 1930 com a distribuição de vinho a barril pelas tascas de Lisboa, já o vinho Teobar surge quando a sua empresa começa a crescer em 1950 onde se começa a interessar pelas colónias ultramarinas, igualmente nos anos cinquenta começa a comercializa os tintos e brancos de alta qualidade da empresa os Garrafeira Particular, termo utilizado até a poucos anos para designar vinhos de grande qualidade e de pequena produção.
Em 1945 é publicado “O Roteiro do Vinho Português” pela Secretária Nacional de Informação chefiada pelo ilustre António Ferro, que tinha uma especial atenção para o triângulo dos vinhos do termo de Lisboa – Colares (Sintra), Carcavelos e Bucelas (Caneças).
Este roteiro estava associado ao roteiro turístico que em Carcavelos aconselhava um passeio pelas Quintas de Alagoa e do Barão da Bela Vista, onde existia um vinho generoso de alta qualidade pois era: aveludado, aroma e sabor inconfundíveis.
Em Sintra bebia-se o Colares Tinto, de Ramisco que era produzido em chão de areia e que foi durante décadas o príncipe dos tintos, chegando mesmo a ser comparado com os melhores Bordéus pelo seu aroma e aveludado do seu corpo.
Finalmente tinhamos o Bucelas da zona saloia que era rico em vinho branco onde pontificava o Arinto de casta nobre que dava a alma aos vinhos brancos da zona de Lisboa. Hoje em dia só em Bucelas ainda existe produção de vinhos continuando a serem bem feitos e bem bons, basta provarmos os das Caves Velhas na Quinta da Romeira.
Mesmo assim e voltando aos anos 40 e 50 o consumo de vinhos de qualidade eram normalmente destinados a hotéis de topo como Avis, Ritz e o Mundial que faziam questão de ter boas garrafeiras e, aqui bem perto de Lisboa, no Estoril era local de colocação obrigatória do produto.
Devido a essa procura por parte dos hotéis nasceram os primeiros topos de gama das Caves S. João da Bairrada ou mesmo o Ribalta.
Com o crescimento das cidade e a construção maciça na zona de Sintra e Carcavelos levou ao desaparecimento dos bons vinhos de Lisboa, mas a nossa Capital já produziu vinhos e de boa qualidade.



Henrique Tigo
Geógrafo

Gestão de Resíduos Urbanos



Hoje em dia temos a “obrigação” mais que não seja moral de gerir o nosso comportamento Ambiental, pois o futuro das gerações futuras estás nas nossa mãos, devemos assim fomentar práticas de prevenção e de redução da poluição, em todas as nossas actividades. Ajudar a promover a recolha selectiva de resíduos; sensibilizar os nossos amigos, vizinhos e até familiares no sentido da protecção do ambiente e dos recursos naturais; cumprir as disposições ambientais legais assim como os regulamentos em vigor.
Promovendo a utilização de energias de fontes alternativas ou renoveis; conciliar os serviços com a salvaguarda dos valores da qualidade e da protecção do ambiente.
Aproveito para deixar algumas dicas que acredito serem importantes.
1ª - Em dias em que não é efectuada a recolha de lixo evite colocar o seu lixo no contentor, para que não transborde e assim o lixo não se espalhe.
2ª - Quando despejar o lixo em caixotes ou contentores próprios para esse efeito, prefira utilizar recipientes com tampa para reduzir as hipóteses do lixo se derramar e espalhar. O lixo espalhado atrai ratos, baratas, moscas e outros animais que podem funcionar coo vectores de diversas doenças, para além de poluir visualmente.
3ª - Espalme, sempre que possível as embalagens.
4ª - Se tiver um volume grande de papel ou cartão para depositar deve cortá-lo em pedaços antes de depositá-la no ECOPONTO.
5ª - Se encontrar o ECOPONTO cheio não deve deixar os seus resíduos fora do mesmo, pois vai contribuir para que outros procedam da mesma maneira, criando assim um problema já em cima referido.
6ª - Quando o ECOPONTO estiver quase cheio ou mesmo cheio volte outro dia ou descole-se até ao ECOPONTO mais próximo.
7ª - Não deposite no ECOPONTO embalagens de materiais diferentes umas dentro das outras ou dentro de sacos de plásticos fechados, pois dificulta a sua tiragem.
Aqui ficam alguns conselhos meus, vamos então valorizar o Ambiente, na melhoria continua da limpeza e higiene urbana, na recolha e tratamento dos resíduos e na elevação de padrões de qualidade de vida. Não depende só da colaboração dos outros, temos de Ter a colaboração de todos.
Por isso conto consigo.




Henrique Tigo
Geógrafo

Jogos de Portugal


Jogos Populares de Portugal


Ao longo dos anos tem-se vindo a atribuir aos jogos populares um sentido trivial à Malha, Chiquilho, Cabra-Cega, às Escondidas entre outros. Pensa-se que os jogos estão interligados a actividades que buscam o prazer, mas claro com regras muito simples e meios rudimentares, actividades ainda que proporcionem uma vitória e uma derrota, mas sem grande rigor e espírito competitivo em relação a outros jogos considerados mais “importantes”.
O jogo popular é uma manifestação cultural das mais significativas. Podemos ainda dizer que não se circunscreve às actividades físicas, mas abrange todas aquelas com um carácter mais ou menos mimético, em que o prazer específico de ser bem sucedido se associa a uma dificuldade de vencer.
Estes tipos de jogos são um todo, mais complexos do que à primeira vista parece e pelo menos os elementos psicológicos e antropológicos, aos quais também não deve ser reduzido, precisam de estar sempre no pensamento dos técnicos e estudiosos e até sociólogos.
Os jogos são acrescidos de uma interdisciplinaridade numa escola, pela dedicação dos próprios professores, proporcionando assim um maior empenho e aproveitamento dos alunos, pois mais tarde ou mais cedo, o jogo, que anima profundamente a vida, instituir-se-á como tema, do ensino-aprendizagem.
Ao contrário do que se possa pensar as Anedotas, também são um jogo, de dentre as práticas linguísticas a expressão lúdica mais evidente. Destinam-se a criar boa disposição, a fazer rir, logo nisso elas são jocus, vocábulo latino que significa gracejo e da palavra que proveio Jogo.
O seu objectivo é alcançado através do rumo imprevisto que a pequena história assume, rumo esse que frequentemente é sustentado pela polissemia de um signo nuclear, seja uma só palavra ou seja uma expressão.
As anedotas portuguesas já eram bem visíveis nas cantigas de escárnio e maldizer do tempo dos trovadores, Chirstopher Lund, que descobriu «Anedotas Portuguesas e Memórias Biográficas da Corte Quinhentista», manuscrito do século XVI ou XVII, diz-nos que a tradição do jogo das anedotas ainda não teve a devida atenção, estando ainda muito por estudar.
Outro jogo que todos nós já jogamos é a Adivinha, sendo uma das formas mais curiosas de jogar com as palavras e conceitos. O seu poder de atracção, comum a todos os enigmas, consiste em enredar elementos num desafio à imaginação e à argúcia que têm de os fazer convergir num ponto antecipadamente concebido por quem pergunta.
A Advinha recorre à linguagem obscura e ambígua, frequente metafórica, o que dificulta a decifração. As advinhas portuguesas são muito numerosas, apresentando algumas variantes e sendo outras comuns a diferentes países.
Um dos jogos mais antigos e mais desejados pelos solteiros era a Desfolhada, era uma tradição festiva que se tem vindo a perder gradualmente.
Juntavam-se as pessoas numa roda, num alpendre, enquanto desfolhavam as espigas de milho, iam cantando e dizendo, anedotas e advinhas e algumas graçolas. Em alguns lugares, o primeiro que “tocasse” uma espiga vermelha gritava:
- Milho-Rei!...
Ficando assim com o direito a beijar e a ser beijado pelas pessoas do sexo oposto a sua escolha.
Entrando agora noutro tipo de jogos, a Malha é um dos jogos favoritos dos Beirões. A Malha joga-se, habitualmente, entre duas equipas constituídas por dois jogadores. Também se realizam jogos mano a mano, ou seja, disputados entre dois jogadores apenas.
Entre duas equipas a Malha é como fito trasmontano, mas a distância entre os pinocos é maior (25metros); as malhas têm um diâmetro de 10,7 cm e um peso aproximado de 430 gramas; e os pinocos (pinos) são de madeira, pintados a vermelho nas extremidades e com uma altura de 20 cm e uma base de 5 cm.
No Alentejo é uma variante do jogo da Malha, onde se usam malhas grandes, de ferro, e o jogo termina aos vinte e quatro pontos.
O Carolo (derrube) vale dois pontos; a malha mais próxima do paulito (pino) vale quatro. Participam três equipas com um jogador de cada lado; a distância entre paulitos vaia entre 10 a 15 metros. As malhas são opadas (mais grossas ao meio) para dificultarem o ponto, uma vez que ao baterem no chão podem deslizar para direcção incerta.
O jogo da Malha joga-se um pouco por todo o país, tendo cada região as suas próprias regras.
Temos ainda o jogo da Argola na Garrafa, é um jogo muito jogado em feiras ou em romarias. Num balcão ou mesa estão alinhadas, de frente para o jogador, as garrafas de vinho ou de outro tipo de bebida.
O Jogador munido de argolas, vai-as lançando a uma distância de três ou quatro metros, de modo as enfiar numa qualquer das garrafas, ganhando entre estas as que forem objecto de proeza bem sucedida.
Este famoso jogo de feiras derivou do jogo rural das argolas de ferro.
Existem ainda dezenas de outros jogos, mas irei terminar com o jogo do Barril, este jogo joga-se da seguinte forma:
Os barris (sem tampo) serão todos iguais, com uma capacidade de trezentos litros, estarão todos suspensos do solo à mesma altura – meio metro, mais ou menos.
Os concorrentes, em número igual aos barris, partirão da meta ao mesmo tempo, terão de passar pelo interior dos respectivos barris deles sair totalmente com o corpo, voltar pelo mesmo caminho e cortar a meta.
A distância entre a meta e os barris é da responsabilidade do júri e ganha aquele que fizer o percurso em menos tempo.
Havendo muitos concorrentes o jogo constará de eliminatórias, ultimamente, usa-se um barril apenas e os concorrentes participam, um de cada vez.


Henrique Tigo
Geógrafo

segunda-feira, abril 02, 2007

Salazar, o fantasma do passado?


Salazar, fantasma do Passado

Através do programa da RTP os “100 Maiores Portugueses de Sempre”, voltou-se a falar sobre o Prof. Oliveira Salazar, aliás personalidade da História Portuguesa que acabou por vencer esse programa com 41% dá votação, pois que por exemplo há 20 anos era impensável.
Nascido após o 25 de Abril de 1974, toda a minha vida cresci perto de pessoas que viveram de perto os horrores do Estado Novo e com eles sofreram, mas nunca deixaram de lutar e acreditar num Portugal melhor.
Para muitos, pode parecer estranho que um jovem nascido após o 25 de Abril de 1974, escreva sobre aquilo que nunca viveu na pele.
De facto, contudo, eu identifico-me com todos os valores que presidiram à génese e ao desencadeamento esperançoso do 25 de Abril, cujos objectivos estratégicos e pragmáticos, todavia, ainda não foram totalmente cumpridos - é um processo contínuo e urgente para não defraudar todos quantos acreditaram num mundo, português e global, que ainda não foi possível construir. E como o Povo diz, o Natal é sempre que um homem quiser. Parafraseando a expressão, eu diria que o dia da Liberdade é sempre que nós quisermos, o que não dispensa que tenha de ser periodicamente lembrado.
Portugal viveu uma ditadura criada pelo Prof. Oliveira Salazar, na altura um jovem economista nascido em Santa Comba Dão.
Foi seminarista, homem da acção católica e que em vez de boca tinha uma cicatriz como costumava dizer a Actriz Beatriz Costa.
E Será que já temos o distanciamento necessário para se poder falar sobre ele quando ainda só passaram 37 anos da sua morte, e muitas das personalidades do seu círculo mais íntimo ainda estão vivos.
Mas afinal de contas quem foi o Prof. Oliveira Salazar?
António de Oliveira Salazar nasceu a 28 de Abril de 1889 no Vimieiro, Santa Comba Dão, Em 1900, após de completar os seus estudos na escola primária, com 11 anos de idade, António Salazar ingressou no Seminário de Viseu, onde permaneceu 8 anos. Em 19081, o seu último ano lectivo no Seminário, tomou finalmente contacto com toda a agitação que reinava em Viseu (e também em todo o País). Surgiam artigos que atacavam o Governo, o Rei e a Igreja Católica. Foi também neste ano que se deu o assassínio do Rei D. Carlos e do seu filho, o Príncipe D. Luís Filipe. Não ficando indiferente a estes acontecimentos, Salazar, um devoto católico, começou a insurgir-se contra os republicanos em defesa da Igreja, escrevendo por isso vários artigos nos jornais.
Após de completar os estudos, permaneceu em Viseu mais 2 anos. Porém, em 1910, mudou-se para Coimbra para estudar Direito. Em 1914 conclui o curso de direito com a alta classificação de 19 valores e em 1916 é assistente de Ciências Económicas. Assumiu a regência da cadeira de Economia Política e Finanças em (1917) a convite do professor José Alberto dos Reis, praticando a actividade com grande qualidade e antes de se doutorar (1918).
Durante este período em Coimbra, materializa o seu pendor para a política no Centro Académico da Democracia Cristã onde faz amigos como Mário de Figueiredo, José Nosolini, os irmãos Dinis da Fonseca, Manuel Gonçalves Cerejeira e Bissaya Barreto entre outros. Alguns haveriam de colaborar nos seus governos. Combate o anti-clericalismo da 1ª República, através de artigos de opinião que escreve para jornais católicos. Acompanha Cerejeira em palestras e debates.
As suas opiniões e ligações ao Centro Académico da Democracia Cristã, levaram-no em 1921 a concorrer por Guimarães como deputado ao Parlamento. Sendo eleito e não encontrando aí qualquer motivação regressou à Universidade passado três dias. Aí se manteve até 1926.
Foi ministro das Finanças entre 1928 e 1932 e depois entre 1932 e 1968 foi o estadista que dirigiu os destinos de Portugal, com o cargo de Presidente do Concelho de Ministros mais ou menos o cargo de primeiro-ministro da actualidade.
Em 1928, após a eleição do Marechal Carmona e na sequência do fracasso do seu antecessor em conseguir um avultado empréstimo externo com vista ao equilíbrio das contas públicas, reassumiu a pasta, mas exigindo o controlo sobre as despesas e receitas de todos ministérios. Satisfeita a exigência, impôs forte austeridade e rigoroso controlo de contas, conseguindo um superavit, um "milagre" nas finanças públicas logo no exercício económico de 1928-29.
- Sei muito bem o que quero e para onde vou! - Afirmara, denunciando o seu propósito na tomada de posse.
Na imprensa, que era controlada pela Censura, Salazar seria muitas vezes retratado como salvador da pátria. O prestígio ganho, a propaganda, a habilidade política na manipulação das correntes da direita republicana, dos monárquicos e dos católicos consolidavam o seu poder. A Ditadura dificilmente o podia dispensar e o Presidente da República consultava-o em cada remodelação ministerial. Enquanto a Oposição se desvanecia em sucessivas revoltas sem êxito, procurava-se dar rumo à Revolução Nacional imposta pela ditadura. Salazar, recusando o regresso ao parlamentarismo e à democracia.
Foi fundador e chefe da União Nacional (partido único durante o Estado Novo) a partir de 1931. Tendo sido também o fundador e principal mentor desse Regime (1933-1974), que termina com o Movimento dos Capitães a 25 de Abril de 1974.
Em 1932 era publicado o projecto de uma nova Constituição que seria aprovada em 1933.
Com esta constituição, Salazar cria o Estado Novo, uma ditadura anti-liberal, anti-comunista e anti-parlamentar que se orienta segundos os princípios da tradição conservadora: Deus, Pátria e Família.
Toda a vida económica e social do país estava organizada em Corporações - era também um Estado Corporativo.
Portugal com Salazar afirmava-se como "um Estado pluricontinental e multirracial" - assentava-se sobre os pilares de uma politica colonialista. Durante o Estado Novo, os Presidentes da República tinham funções meramente cerimoniais. O detentor real do poder era o Presidente do Conselho dos Ministros e era ele que dirigia os destinos da Nação.
Durante a Segunda Guerra Mundial o Presidente do Concelho Oliveira Salazar assumira a pasta dos negócios estrangeiros desde a Guerra Civil Espanhola. Com a II Guerra Mundial o imperativo do governo de Salazar é manter a neutralidade. Próximo ideologicamente do Eixo, o Regime Português escuda-se nisso e também na aliança com a Inglaterra para manter uma política de neutralidade. Esta assentava num esforço de não afrontamento a qualquer dos lados em beligerância.
Primeiramente, uma intensa actividade diplomática junto de Franco de Espanha tenta evitar que a Espanha se alie à Alemanha e à Itália (caso em que previsivelmente os países do Eixo com a Espanha olhariam a ocupação de Portugal como meio de controlar o Atlântico e fechar o Mediterrâneo, o que desviaria o teatro da guerra para a Península Ibérica).
Com a Espanha fora da guerra, a estratégia de neutralidade é um imperativo da diplomacia de forma a não provocar a hostilidade nos beligerantes e Salazar não tolerou desvios dos diplomatas que arriscassem a sua política externa. Quando o Cônsul português, Aristides de Sousa Mendes, em Bordeúes concedeu vistos em grande quantidade a judeus em fuga aos nazis, ignorando instruções de Salazar este foi implacável com ele e demitiu-o.
Quase desde o final da II Guerra Mundial que a comunidade internacional e a ONU vinham a defender a implementar uma política de descolonização em todo o mundo. O Estado português foi o único que se recusou a conceder a autodeterminação aos povos das regiões colonizadas. Salazar, praticando uma política de isolamento internacional sob o lema Orgulhosamente sós, levou Portugal a sofrer consequências extremamente negativas a nível cultural e económico.
Então em Março de 1961, no norte de Angola acaba por estalar uma sangrenta revolta, com o assassínio de colonos civis. A chacina merece de Salazar a resposta Para Angola rapidamente e em força. Defensor de uma política colonialista, Salazar alimenta as fileiras da guerra colonial, que se espalha à Guiné e a Moçambique, com o propósito de manter as chamadas províncias ultramarinas sob a bandeira portuguesa.
A Guerra Colonial teve como consequências milhares de vítimas entre os povos que acabariam por se tornar independentes e entre portugueses. Arruinou economicamente Portugal e abalou as suas estruturas políticas e sociais, tendo sido uma das causas da queda do regime.
Em Agosto de 1968 o Prof. Oliveira Salazar sofre um acidente e fica mentalmente diminuído e é afastado do Governo pelo Presidente da Republica Almirante Américo Tomás, a 27 de Setembro de 1968.
O Prof. Marcelo Caetano é chamado para substituir Oliveira Salazar.
Contudo e até morrer, em 1970, Salazar continuou a receber visitas como se fosse ainda Presidente do Conselho, nunca manifestando sequer a suspeita de que já o não era no que não era contrariado pelos que o rodeavam.

Biografia cronológica do Prof. Oliveira Salazar.

1889: Nasce em Vimieiro, Santa Comba Dão.
1914: Em Coimbra, conclui o curso de Direito.
1918: Professor de Ciência Económica.
1926: Após o golpe de 28 de Maio é convidado para Ministro das Finanças; ao fim de 13 dias renuncia ao cargo.
1928: É novamente convidado para Ministro das Finanças; nunca mais abandonará o poder.
1930: Nasce a União Nacional.
1932: Presidente do Conselho de Ministros.
1933: É plebiscitada uma nova constituição que dá início ao Estado Novo. Fim da ditadura militar.
1936: Na Guerra Civil de Espanha apoia Franco; cria a Legião Portuguesa e a Mocidade Portuguesa; abre as colónias penais do Tarrafal e de Peniche - 1937: Escapa a um atentado dos comunistas.
1939: Iniciada a Segunda Guerra Mundial, Salazar conseguirá manter a neutralidade do país.
1940: Exposição do Mundo Português.
1943: Cede aos Aliados uma base militar nos Açores.
1945: A PIDE substitui a PVDE.
1949: Contra Norton de Matos, Carmona é reeleito Presidente da República; Portugal é admitido como membro da NATO.
1951: Contra Quintão Meireles, Craveiro Lopes é eleito Presidente da República.
1958: Contra Humberto Delgado, Américo Tomás é eleito Presidente da República; o Bispo do Porto critica a política salazarista
1961: 22/01, assalto ao Sta. Maria; 04/02, assalto às prisões de Luanda; 11/03, tentativa de golpe de Botelho Moniz; 21/04, resolução da ONU condenando a política africana de Portugal; 19/12, a União Indiana invade Goa, Damão e Diu; 31/12/61 para 01/01/62, revolta de Beja.
1963: O PAIGC abre nova frente de batalha na Guiné.
1964: A FRELIMO inicia a luta pela independência, em Moçambique.
1965: Crise académica; a PIDE assassina Delgado.
1966: Salazar inaugura a ponte sobre o Tejo.
1968: Salazar sofre um acidente e fica mentalmente diminuído.
1970: Morte de Salazar.
1974: A Revolução do Cravos e fim do Estado Novo.
Ao longo destes anos já escrevi sobre a Censura sobre a polícia politica (PIDE) sobre os heróis de Portugal e até sobre o 25 de Abril.
Quero terminar este artigo, dizendo que não sou Salazarista e escrevi este artigo sobre o Prof. Oliveira Salazar, porque venceu o programa da RTP e pelo visto 41% dos Portugueses que votaram, acham que ele foi o maior Português de sempre e porque acredito que basta de meter a cabeça na areia e não se falar dos fantasmas do passado, pois talvez por causa disso o Prof. Oliveira Salazar tenha tido o resultado que teve.
Dr. Henrique Tigo
Geógrafo


Referências bibliográficas
CAETANO, Marcello. Minhas memórias de Salazar. Lisboa: Verbo, 1977
NOGUEIRA, Franco. Salazar. Porto: Livraria Civilização, 1985
MEDINA, João. Salazar, Hitler e Franco: Estudos sobre Salazar e a Ditadura. Lisboa: Livros Horizonte, 2000
LOUÇÃ, António. Hitler e Salazar. Comércio em tempos de guerra, 1940-1944. Lisboa: Terramar, 2000