sábado, outubro 11, 2014

Mário Máximo fala sobre Henrique Tigo

Mário Maximo fala sobre Henrique Tigo, enquanto ser humano e como artista e poeta 
no lançamento do seu livro Estranha forma de Poesia em 2014

sexta-feira, outubro 10, 2014

Joaquim Henriques Nogueira


Joaquim Henriques Nogueira, fazia 90 anos



Existem pessoas boas, que nunca desaparecem e o meu Jaquim era assim, hoje faria 90 anos e mesmo 7 anos depois do seu desaparecimento físico ainda me é difícil ter visto partir aquele “bocadinho de mim” mesmo sabendo que ele estava muitíssimo doente, o meu Jaquim era o meu segundo Pai… pois era isso que o meu avô Joaquim Henriques Nogueira era para mim. A Várzea Pequena viu-o nascer na manhã de 10 de Outono de 1924, Cascais o viu partir em 2007.

Não sei qual é a primeira memória que tenho dele pois ele foi e é uma constante da minha vida. Desde os primeiros passos que dei de mão dada com ele no Jardim Príncipe Real, até esperar por ele todas as manhã para almoçar… Foi ele que me ensinou a jogar as cartas, dominó e as Damas. Pode não me ter ensinado, Latim, Física ou Química, mas ensinou-me a ser honesto e integro como ele sempre foi. Ensinou-me ainda a respeitar os mais idosos e a ser um verdadeiro ser humano, não uma pessoa de “plástico”.

Ficou muito feliz que, mesmo doente e quase, quase a deixar-nos, eu tivesse realizado alguns dos sonhos que ele tinha para mim, como tirar a carta de condução, um sonho dele próprio que nunca teve oportunidade de realizar e ter um neto Dr. e a ele dediquei a minha Licenciatura.

Vivi paredes-meias com ele durante mais de 10 anos, morava duas ruas à frente e todos os dias estávamos juntos. Acredito que existiam poucos Avós que fossem mais carinhosos, meigos e até babados com os seus netos como ele foi para mim… posteriormente tivemos de mudar para mais longe, mas todos os fins-de-semana estava com ele e as nossas “jogatanas” e conversas continuaram. Honestamente, não me lembro de um momento importante quer positivo quer negativo da minha vida onde este grande homem não estivesse presente.

Três anos antes da sua morte tive contacto pela primeira vez com o “Anjo Negro” da morte quando este ceifou a vida a minha querida avó Emílinha e aos poucos e poucos vi o meu avô apagar-se, fazendo e dizendo coisas estranhas, que ao início não entendíamos e ou não queríamos acreditar, mas viemos mais tarde a saber que ele tinha a doença de Alzaimer há muitos anos. Facto que nem ele sabia, pois os médicos sempre o esconderam, como esconderam o “Cancro” que há mais de 10 anos lhe estava a minar o corpo todo… no espaço de dois anos deu entrada no hospital mais de trinta vezes, sofrendo aquilo que ninguém pode imaginar… Vi com os meus olhos o desaparecimento do Sr. Nogueira e o nascimento de um cadáver com vida que mais parecia uma daquela vítimas do Holocausto Nazi, quando ele nos deixou pesava pouco mais de vinte quilos…

Lutou com todas as forças que tinha, muitas vezes vínhamos do hospital a pensar que seria a última vez que o veríamos com vida, ele dava a volta e mandava o “Anjo Negro” embora… Quero salientar ainda a força dos meus Pais que nunca o abandonaram e que todos os dias estiveram ao seu lado. Numa altura em que se fala que os maus tratos aos idosos aumentaram mais de 30% em Portugal, na minha casa vi o contrário, vi o que é o amor de uma filha pelo seu pai…

Quero acabar por dizer que ele, o meu Avô, o meu Jaquim, sempre foi uma pessoa muito humana e solidária, sempre que alguém estava doente ou no hospital ele era a primeira pessoa a correr para dar a sua solidariedade, mas como nem todos são como ele, quero agradecer aos poucos que se preocuparam e o foram visitar quando ele mais necessitou de solidariedade, um pouco de carinho e de amor… Para esses o meu muitíssimo obrigado em meu nome e em nome da minha família.

No dia 17 de Janeiro de 2007, voltou definitivamente para a sua muito amada terra, onde por coincidência ficou a dormir o sono eterno, na campa atrás da sua mãe, Antónia Henriques Nogueira.

A ti meu avôzinho querido, deixo um último beijo carregado com aquele amor tudo que sempre me deste…

Agora descansa, bem mereces…
Beijo do teu neto que te ama Henrique Tigo