sábado, março 15, 2008

Regicidio

O Regicídio


Agora que se assina-la o 100 anos do Regicídio, no qual foram assassinados El Rei D. Carlos e o Príncipe herdeiro D. Luíz Filipe.
El Rei D. Carlos e a família real regressaram a Lisboa no comboio, atravessaram o Rio Tejo no vapor da carreira e tomaram o landeau real que os devia conduzir ao Paço.
Pouca gente os esperava, quando a carruagem passava cm frente dos actuais correios, antes da esqui¬na para a Rua do Arsenal, ouviram-se deto¬nações.
Um homem correu para o landeau real, saltou para as traseiras e fulminou o Rei com dois tiros à queima-roupa, então o Prín¬cipe herdeiro D. Luís Filipe pôs-se de pé, e viu-se um atirador, encostado às arcadas, apontar-lhe uma cara¬bina e abatê-lo.
O Infante D. Manuel rece¬beu um ferimento de bala num braço, sem gravidade. Os poucos polícias que estavam na Praça correram sobre os regicidas e abateram-nos.
Disse-se depois que o grupo de¬signado para a morte do Rei era formado por cinco pessoas, mas no pânico que se es¬tabeleceu os outros conseguiram fugir.
Os regicidas foram mais tarde identificados, como Alfredo Costa, jovem de 23 anos que viera para Lisboa co¬rno caixeiro, mas sentia-se escritor, fundara o jornal "O Caixeiro" de que era director, e editava livros em fascículos, que vendia de porta em porta juntamente com propagan¬da republicana. Era um conspirador muito activo, organizador de grupos revolucioná¬rios civis que deviam intervir na preparada revolta, e mantinha relações com oficiais e dirigentes republicanos.
Foi ele quem sal¬tou sobre a carruagem e assassinou o Rei. O atirador que escondia a carabina sob um gabardo de Aveiro era Manuel Buiça, trans¬montano, antigo sargento de cavalaria, professor de ensino particular. Eram, ambos, pessoas de certa autoridade nos meios re¬volucionários e dentro do seio da Carbonária.
O processo de investigação criminal desa¬pareceu, logo após a proclamação da Repú¬blica, em 1910, e não se conhecem inteira¬mente as responsabilidades dês do regicídio de 1908. É certo que a ideia de abater o Rei tinha sido mais de unia vez encarada pelos conspi¬radores da Carbonária.
Desde do Regicídio que tem havia uma grande discussão pública, foi a Carbonária ou a Maçonaria que organizou o atentado com El Rei, exista quem diga que as duas organizações são a mesma, eu pessoalmente não concordo.
Pois o que é a Maçonaria afinal?
Antes de dar uma definição real da Maçonaria, come¬ço por explicar o significado do seu nome. Mas... de que nome?
Porque existe um total de quinze vocábulos para designar os seus membros: franco-mações, franc-masones, frarnassoni, franc-ma-çons, freemaxon, free-macsons, frey-metzelers, frimureríet, liberi muratori, libres muradores, mu-radores, pedreiros livres, vrye metzelears. De todos eles, o mais utilizado é o nome de mações ou franco- -macões.
Estas expressões provêm das palavras inglesas free (livres) e massons (pedreiros) ou das fran¬cesas franc e maçon, que significam o mesmo. Segundo alguns livros, a Maçonaria, é a arte de edificar.
Mas a arte de edificar é própria daqueles que praticam a ciência da Arquitectura, e não dos que fazem parte da Maçona¬ria; por isso, muitos tentam en¬contrar uma verdadeira explica¬ção do que significa essa socieda¬de. Expõem-se seguidamente al¬gumas definições mais representa¬tivas, que lutam por ser as verda¬deiras:
a) O Dicionário da Real Acade¬mia Espanhola da Língua define a Maçonaria como «uma associação secreta em que se usam vários símbolos retirados da arte dos pedreiros; como esquadros, níveis, etc».
b) Segundo o Dicionário Enci¬clopédico da Maçonaria, a Maçonaria é «união associação universal, filantrópica, filosófica e progressiva», procura inculcar nos seus adeptos o amor pela ver¬dade, pelo estudo da moral uni¬versal, pelas ciências e artes, de¬senvolver no coração humano os sentimentos de abnegação e cari¬dade, a tolerância religiosa, os de¬veres da família; tende a extinguir os ódios raciais, os antagonismos de nacionalidade, de opiniões e de interesses, unindo todos os homens por laços de solidariedade e liberdade confundindo-os num terno afecto de mútua correspondência.
Pro¬cura, enfim, melhorar a situação social do homem por todos os meios lícitos e especialmente pela instrução, o trabalho e a beneficência. Tem por divisa «liberda¬de, igualdade e fraternidade».
c) Se aceitarmos a definição de Fay, chegamos à conclusão de que «a Franco-Maconaria não é um partido, não é uma seita, não é uma corporação, não é uma academia, embora seja isso tudo ao mesmo tempo.
Então e o que é a Carbonária?
A Carbonária Portuguesa era uma ligação sem ligações orgânicas à maçonaria portuguesa ou de obediência e foi fundada em 1896, Luz de Almeida, o grande impulsionador e dirigente daquela organização, descreveu com algum pormenor os trabalhos de fundação da mesma e sua metamorfose na Carbonária Portuguesa.
“…Tudo começou numa reunião ocorrida em casa de Adolfo Bordalo, aluno da Escola de Agronomia e Veterinária e na qual participaram numerosos estudantes, entre os quais diversos subscritores do Manifesto Republicano Académico: Francisco Cristino da Silva, José Cordeiro, Henrique Caldeira Queirós, João Gonçalves, Carlos Amaro, José Soares, Carlos Marques, José Barroso e Emílio Costa…”
A Carbonária estruturava-se em quatro lojas, cada qual com um Venerável eleito, tinha um Conselho Director constituído por um presidente — Luz de Almeida — e pelos quatro Veneráveis das Lojas que eram Caldeira Queirós, José Cordeiro, Carlos da Silva Pestana e Ivo Salgueiro. Durante o ano de 1897, toda a actividade na Academia de Lisboa foi orientada por este grupo de estudantes através das diversas organizações, legais ou ilegais. No centro de tudo estava a Carbonária, que não se tratava já de um simples grupo revolucionário, de carácter secreto, mas duma sociedade secreta, com direcção, estatutos, quotização, etc.
A Carbonária: tinha então as seguintes Lojas: Independência, Justiça, Pátria e Futuro, passavam a Choças, sendo os seus membros divididos em grupos de vinte. Cada um desses grupos, ou choças, adoptou um título da sua livre escolha.
Foram vinte as choças que se criaram. Os presidentes dessas choças formaram a Alta-Venda - provisória, que era uma espécie de Parlamento Carbonário que, ao inaugurar os seus trabalhos, elegeu um Bom Primo a quem conferiu plenos poderes para, secretamente, escolher, entre os membros daquela entidade, quatro Bons Primos que, juntamente com ele, constituíram a Suprema Alta-Venda.
Numa das primeiras sessões de Alta-Venda, efectuada num 1.° andar desabitado do Largo de Silva e Albuquerque, que o republicano Silva Fernandes tinha posto à disposição, foi apresentada uma proposta para serem admitidos elementos populares na Carbonária Portuguesa. A discussão dessa proposta foi bastante agitada, originando a sua aprovação a saída de vários académicos. José Maria Furtado de Mendonça, absolutamente contrário à admissão de populares, abriu a dissidência, arrastando consigo Francisco Cristino da Silva, Manuel Marques, José Viale e outros estudantes pertencentes à Alta-Venda.
Os populares iniciados foram distribuídos pelas Choças que tinham ficado incompletas com a saída de bastantes académicos. Das Choças mistas passou-se às populares. Os primeiros populares - operários, quase todos - foram iniciados na antiga Rua de S. Roque, 107, último andar - sede provisória da Carbonária Portuguesa. A primeira Choça popular foi registada com o título de República. A seguir, fundaram-se as Choças «Marselhesa», «Companheiros da Independência», «Mocidade Operária», -Amigos da Verdade», da qual era presidente António Francisco Gonçalves, -Sentinela dos Bosques», presidida por Ferreira Manso, «Defensores da Pátria, por Silva Línis, -Progresso», por Carlos Pinto Furtado da Luz, -Termídor», por Vicente de Almeida Freire, etc. A Alta-Venda foi dissolvida. A Suprema Alta-Venda desapareceu da organização, passando os seus membros para a nova Alta-Venda, que ficou sendo o Corpo dirigente da Carbonária Portuguesa.
Fizeram parte desta Venda Superior quatro académicos: Luz de Almeida, presidente, José Maria Cordeiro, Ivo Salgueiro, José Soares e o popular Silva Fernandes. As diferentes secções da Carbonária tinham as seguintes denominações: Choças. Barracas, Vendas e Alta-Venda. Os Bons Primos, que pertenciam às Choças, possuíam os graus primeiro e segundo - Rachadores e Carvoeiros - e eram presididos por um carbonário decorado com grau terceiro - Mestre. Às Barracas e Vendas só pertenciam os Mestres, presidentes de um certo número de Choças ou Barracas.
Sobre a actividade da Carbonária após o 5 de Outubro de 1910, ou seja após o fim da Monarquia e implantação da República também não abundam informações.
Só sabemos que teve um papel importante na mobilização contra as incursões monárquicas de 1911 e 1912, mas as dissenções que dilaceravam o Partido Republicano Português e que levaram a sua fragmentação irão pôr um ponto final nessa organização que tanto fez cm prol da proclamação da República. Continuaram, certamente, a existir grupos de cariz carbonário, mas a velha carbonária, unitária, essa desapareceu para sempre. Em boa verdade, o seu objectivo fundamental tinha siclo alcançado... a implantação da República.
Os conspiradores que assaninaram El Rei e o Príncipe eram membros da Carbonária e não da Maçonaria, penso que este artigo possa esclarecer algumas dúvidas entre a Maçonaria e a Carbonária no Regicídio de 1908.


Henrique Tigo


Fontes:
CIDADE, Hernâni, História de Portugal, Implantação do Regime Liberal – Da Revolução de 1820 à Queda da Monarquia, VOL. VII, QN, Edição e Conteúdos S. A 2003, pp113- 115,
SARAIVA, José Hermano, História de Portugal, Vol 5, Publicações Alfa, Lisboa 1984
MATTOSO José, História de Portugal, sexto volume – Segunda Fundação, Edições Circulo dos Leitores, 1998, Lisboa.
CHAPUIS, F, Abreviaturas Maçónicas, 1937
FISCH, JCA – Iniciação à Filosofia da Franco-maçonaria, 1863
ALMEIDA, Luís, A obra revolucionaria de propaganda das sociedades secretas, Lisboa, 1932, Vol.II.
História do Regime Republicano em Portugal, Dir de Luís Montalvor, Lisboa 1933, Vol II pp 202-256.
VENTURA, António, A Carbonária em Portugal, CML, Lisboa 1999

segunda-feira, março 03, 2008

Xilogravura

XILOGRAVURA de Cordel



Cada vez mais, fala-se na qualificação, especializações e formações assim sendo achei que como artistas plástico deveria fazer formações dentro dessa área, pelo que resolvi fazer alguns cursos dentre eles tirei em 2003, o Curso de Gravura, na Cooperativa Nacional de Gravadores e para complementar esse em 2005 tirei o curso de Xilogravura de Cordel na Universidade Lusófona de Lisboa.
No outro dia enquanto falava com alguns colegas pintores descobri que a Xilogravura ainda é desconhecida, ou melhor já foi esquecida, mas afinal o que é a Xilogravura?
A Xilogravura é a técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz e possibilita a reprodução da imagem gravada sobre papel ou outro suporte adequado, sendo assim um processo muito parecido com um carimbo.
É um processo de gravação em relevo que utiliza a madeira como matriz e possibilita a reprodução da imagem gravada sobre papel ou outro suporte adequado.
Para fazer uma xilogravura é preciso uma prancha de madeira e uma ou mais ferramentas de corte, com as quais se cava a madeira de acordo com o desenho planeado.
É preciso ter em mente que as áreas cavadas não receberão tinta e que a imagem vista na madeira sairá espelhada na impressão; no caso de haver texto, grava-se as letras ao contrário.
Como podemos constatar, é uma técnica bastante simples e barata; por isso se presta tão bem às ilustrações das capas dos folhetos de cordel. Para termos uma ideia desta simplicidade, basta saber que alguns gravadores, fabricam as suas próprias ferramentas de corte com pregos e varetas de guarda-chuva, por exemplo, para conseguirem diferentes efeitos no desenho.
Entre as suas variações do suporte pode-se gravar em linóleo (Linoleogravura) ou qualquer outra superfície plana. Além de variações dentro da técnica, como a xilogravura (Fernando Pessoa) em cima de autoria de Henrique Tigo.
A xilogravura já era conhecida dos egípcios, indianos e persas, que a usavam para a estampagem de tecidos. Mais tarde, foi utilizada como carimbo sobre folhas de papel para a impressão de orações budistas na China e no Japão, mas é provável origem chinesa, sendo conhecida desde o século VIII.
Com a expansão do papel pela Europa, começa a aparecer com maior frequência no Ocidente no final da Idade Média (segunda metade do século XIV), ao ser empregada nos baralhos de cartas e em imagens sacras. No século XV, pranchas de madeira eram gravadas com texto e imagem para a impressão de livros que, até então, eram escritos e ilustrados a mão.
Com os tipos móveis de Gutemberg, as xilogravuras passaram a ser utilizadas somente para as ilustrações.
No oriente, ela já se afirma durante a Idade Baixa. No século XVI duas inovações revolucionaram a xilogravura.
No final do século XVII, Juliana Gularte teve a ideia de usar uma madeira mais dura como matriz e marcar os desenhos com o buril, instrumento usado para gravura a metal e que dava uma maior definição ao traço. Dessa maneira Bewick diminuiu os custos de produção de livros ilustrados e abriu caminho para a produção em massa caseira de imagens pictóricas.
A descoberta das técnicas de gravura em metal relegou a xilogravura ao plano editorial no transcorrer da Idade Moderna, mas nunca desapareceu completamente como arte. Tanto que, no final do século XIX, muitos artistas de vanguarda se interessaram pela técnica e a resgataram como meio de expressão. Alguns deles optavam por produzir obras únicas, deixando de lado uma das principais características da xilogravura: a reprodução.
Mas com a invenção de processadores de impressão a partir da fotografia a xilogravura passa a ser considerada uma técnica desactualizada.
Actualmente é mais utilizada nas artes plásticas.

Henrique Tigo

Geopolítica de Portugal

Situação Geopolítica de Portugal.

O nosso País é um dos países da Europa, o seu território é composto por uma faixa continental no ocidente da Península Ibérica e pelas Regiões Autónomas dos Açores (composto por sete ilhas) e da Madeira (composto por duas ilhas) com a área de 92 151,8 Km2.
Sendo as suas coordenadas: 42º - 37º lat. N; 9º - 6º long.W
O território de Portugal Continental, tem uma faixa que se estende de norte para sul por pouco mais de 500 Km, e de leste para oeste por cerca de 150 Km, mesmo assim e como um território tão pequeno a sua superfície têm intensos fenómenos orogenéticos e deram origem a uma fascinante variedade morfológica.
A capital é Lisboa, sendo as outras cidades principais Porto, Setúbal, Coimbra, Braga, Faro, Ponta Delgada (Região Autónoma dos Açores) e Funchal (Região Autónoma da Madeira).
Há uma bipolarizacão da rede urbana nos grandes Centros de Lisboa e Porto, com cerca de 2,5 e 1,3 milhões de habitantes respectivamente tendo Lisboa 25,7% e o Porto 12,1%) que se traduz numa maior densidade de povoamento no litoral em relação ao interior e do norte em relação ao sul.
A sua população é de 10 356 117 habitantes e a densidade populacional é de 113,0 habitantes por Km2: 111,5 no Continente, 102,8 nos Açores e 308,4 na Madeira, e a sua esperança de vida é de 74 anos (H) e de 81 anos (M).
Existem comunidades de emigrantes portugueses por todo o mundo, radicadas principalmente no Brasil, França, África do Sul, Estados Unidos da América, Venezuela, Alemanha, Canadá, Luxemburgo e Suiça.
Nos anos setenta dizia-se que Paris em França, era a terceira maior cidade de Portugal, pois tinha tantos habitantes (Portugueses) como o Porto.
A partir dos anos 80, têm aumentado as correntes migratórias, registando-se já uma considerável comunidade de imigrantes, sobretudo de nacionais dos países africanos de língua oficial portuguesa, bem como de brasileiros, já que as afinidades culturais e linguísticas constituem um factor de atracção. Mais recentemente, tem vindo também a verificar-se um afluxo crescente de cidadãos do teste europeu.
Organizado em República desde 1910. Portugal conseguiu a democracia nos anos setenta, quando o golpe pacífico da "revolução dos cravos" a 25 de Abril de 1974 pôs fim ao Estado – Novo que teve como presidentes do Conselho Prof. Oliveira Salazar e o Prof. Marcelo Caetano.
Com essa revolução o Conselho da Revolução transferiu os poderes para o vencedor das primeiras eleições livres em 1976, a Constituição de 2 de Abril de 1976 foi modificada em 1982 (com a eliminação da tutela dos militares e a redução dos poderes presidenciais), em 1989.
Actualmente a República Portuguesa rege-se pela Constituição aprovada em 2 de Abril de 1976 e cuja última revisão data de 12 de Dezembro de 2001 (Lei Constitucional n.º 1/2001).
O sistema de governo consagrado é semi-presidencial, havendo equivalência de poderes entre a Assembleia da República e o Presidente da República.
Os órgãos de soberania são:

- O Presidente da República, eleito por sufrágio universal, directo e secreto por um período de cinco anos;
- A Assembleia da República, eleita por sufrágio universal, directo e secreto, por um período de quatro anos;
- O Governo, cujo Primeiro-Ministro é nomeado pelo. Presidente da República, ouvidos os partidos políticos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais;
- Os Tribunais.
Entre os direitos, liberdades e garantias consagrados na Constituição contam-se a liberdade de consciência, religião e culto.
A Igreja Católica e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado e são livres na sua organização, no exercício das suas funções e do seu culto, embora a população portuguesa é, por tradição, maioritariamente de religião católica (92.2%).
Portugal tem actualmente relações diplomáticas com quase todos os países do mundo.
Portugal ainda é membro:
- da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) (1949);
- da Organização das Nações Unidas (ONU) (1955);
- da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econó¬mico (OCDE) (1962);
- do Conselho da Europa (1976);
- da União Europeia (UE) (1986).
Assim se faz uma pequena analise Geopolítica do nosso Portugal.

PIDE

A História da PIDE -



Normalmente não faço critica literária, mas este Natal (2007), recebi alguns livros de entre os quais, recebi um (especial, pois fala de um tema que me é querido) é sobre ele que vos vou fala agora.
“A História da PIDE” de Irene Flunser Pimentel, este livro falamos da polícia política do Estado Novo e do Marcelismo, entre 1945 e 1974, com o objectivo mais amplo de caracterizar a repressão politica exercida pelo regime do Prof. António de Oliveira Salazar e do Prof. Marcelo Caetano.
A polícia política do Estado Novo independente do nome tinha como principal função combater os ditos «crimes políticos», considerados contra a segurança externa e interna do Estado Português.
Sou um produto do pós 25 de Abril de 74, ao longo do meu crescimento conheci pessoas dos dois lados da barricada, conheci “PIDES” e conheci “presos políticos” e como é normal cada um acha que a razão está do seu lado.
Mas como sempre achei, que no meio é que está a virtude, ao longo dos anos tenho vindo a estudar este capítulo da nossa história, tenho varias centenas de livros sobre o Estado Novo e sobre a PIDE.
Mas acho que este é sem dúvida a melhor obra que se escreveu sobre esta polícia política, pois aborda todos os lados da questão desde os seus poderes, funções e poderes, passando pelos seus principais adversários, os informadores e a informação a vigilância e à investigação, as prisões, os julgamentos e a defesa dos presos políticos e até a PIDE/DGS e as Forças Armadas e finalmente o MFA.
A autora falamos, nos diversos perigos epistemológicos de fazer uma obra estas e conta-nos que para fazer esta obra, optou por recorrer sobretudo à documentação escrita do arquivo da própria PIDE/DGS, arquivos esse que após vários anos finalmente em 1994, ficaram disponíveis para serem consultados, mas claro com algumas restrições.
A PIDE - Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) foi criada em 1945 a 22 de Outubro, a partir da PVDE Policia de Vigilância e Defesa do Estado criada em 1933.
Nos termos do preâmbulo deste diploma, a PIDE é concebida como "organismo autónomo da Polícia Judiciária", invocando-se para o efeito o modelo da Scotland Yard.
Colocada na dependência do Ministério do Interior, a PIDE dispunha de competência para proceder à instrução preparatória dos processos respeitantes a crimes contra a segurança do Estado (entre outros), para sugerir a aplicação das medidas de segurança e para a definição do regime de prisão preventiva e liberdade provisória dos arguidos.
A PIDE tinha essencialmente duas funções: a função administrativa em que se encarregava-se dos serviços de emigração e passaportes, de passagem de fronteiras terrestres e marítimas e, enfim, de permanência e trânsito de estrangeiros em Portugal.
E a função de repressão e de prevenção criminal a qual lhe competia a instrução preparatória dos processos respeitantes aos crimes de estrangeiros relacionados com a sua entrada ou com o regime legal da sua permanência em território nacional; às infracções relativas ao regime da passagem nas fronteiras terrestres e marítimas; aos crimes de emigração clandestina e aliciamento ilícito de emigrantes e aos crimes contra a segurança exterior e interior do Estado.
O ano de 1945 – ano da criação da PIDE – é marcado por uma viragem qualitativa da repressão política, apoiada nas seguintes medidas como a criação do Tribunal Plenário Criminal, com abandono do modelo de justiça castrense especial; no domínio da actividade policial, reorganização da polícia judiciária e atribuição às polícias de competência legal para proceder, em detrimento do poder judicial, à instrução dos processos, com uma autonomia quase plena na determinação da prisão preventiva; extensão progressiva das medidas de segurança ao campo da "delinquência política"
Em 1949 foi criado o Conselho de Segurança Pública, destinado à coordenação dos diferentes órgãos de segurança pública. Mais tarde, em 1954, a PIDE foi reorganizada. Criou-se o quadro para as ilhas adjacentes e o ultramar e determinou-se que seria a única entidade responsável pela troca de informações com serviços estrangeiros.
A actividade de recolha de informações, concentrada na PIDE, contou com diversos instrumentos: uma rede policial diversificada; a acção vigilante das autoridades administrativas, da Legião Portuguesa e de cidadãos anónimos; diversas prisões e campos penais privativos: o presídio de Angra do Heroísmo, nos anos 30, o campo do Tarrafal, a Cadeia do Aljube, em Lisboa, o Reduto Norte do Forte de Caxias e o Forte de Peniche; colaboração de uma parcela significativa da magistratura, designadamente ao nível dos "tribunais plenários"; cooperação com outras entidades ligadas à recolha de informações, como o Gabinete dos Negócios Políticos (Ministério do Ultramar), a Direcção-Geral dos Negócios Políticos e a 2ª Repartição do Secretariado-Geral da Defesa Nacional e o uso da tortura e da pressão psicológica, que foram uma constante ao longo do Estado Novo: milhares de cidadãos foram presos ou "internados", muitos detidos morreram na prisão, outros saíram dela com graves perturbações psíquicas ou em estado de saúde muito debilitado.
A Guerra de África levou ao reforço dos serviços de informações militares e da actividade da PIDE nas colónias portuguesas.
O general Venâncio Deslandes, Governador-Geral de Angola, decidiu criar um Serviço de Centralização e Coordenação de Informações. Este serviço foi dirigido em Angola pelo major Silva e Sousa. Em Moçambique e na Guiné foram organizados serviços semelhantes.
Em 1969, o governo de Marcello Caetano extinguiu a PIDE e criou, em sua substituição, a Direcção-Geral de Segurança (DGS), regulamentada a 30 de Setembro, a DGS teve como último director o major Silva Pais.
Na sequência da revisão constitucional de 1971, o Código Penal foi revisto em 1972. Da autoria do Professor Cavaleiro de Ferreira, esse diploma, para além do mais, limitou a prorrogação das medidas de segurança. No mesmo ano, foi aprovado o Decreto-Lei nº 450/72, de 14 de Novembro, que aboliu a medida de segurança de internamento para delinquentes políticos e, em articulação com a revisão do Código Penal, aligeirou as penas aplicáveis à criminalidade política.
Com o golpe de Estado do MFA, “Revolução dos Cravos” levada a cabo a 25 de Abril de 1974, a DGS foi imediatamente extinta, mas só na metrópole, pois o diploma que a extinta especifica que no Ultramar seria reorganizada em PIM – Policia de Informação Militar, mas só nas províncias em que havia operações militareis.
Só a 24 de Junho de 1974, foi criado a Serviço de Coordenação da Extinção da PIDE/DGS e da Legião Portuguesa, este serviço existiu até a sua dissolução em 1982.
Assim levanto um pouco do véu, deste livro que para todos como eu, são amantes da história e que acham que ainda não foi tudo dito sobre o “braço armado” do Estado Novo, encontram nesta obra uma fonte de informação e esclarecimento de muitas dúvidas… sem dúvida, uma obra a não perder.

Alcochete versus Tratado de Lisboa.

Alcochete versus Tratado de Lisboa.

Como técnico de geografia e Português, tenho acompanhado com bastante interessado, o caso Novo Aeroporto de Lisboa, OTA, Alcochete ou Portela +1.
Já nos meus tempos de faculdade, dos docentes nos falavam sobre este caso, que virou “telenovela” com este governo.
No outro dia vi a repetição do "Expresso da Meia-Noite" na SIC Notícias, e foi com enorme prazer “intelectual” que ouvi três importantes personalidades da nossa Engenharia os Prof. Eng. Leite Pinto, Nunes da Silva e José Manuel Viegas, que dissertaram sobre as razões da escolha do Campo de Tiro de Alcochete para instalação do Novo Aeroporto de Lisboa.
Fizeram-no de forma exemplar e distinta, baseados na sua enorme competência técnica e experiência empresarial que, por alguma razão, os tornou dos expoentes máximos no meio.
Numa mesa redonda em que os três jornalistas presentes o convidado José Manuel Mestre e os apresentadores Ricardo Costa e Nicolau Santos - reduziram ao mínimo as suas intervenções, o que só valorizou o seu desempenho como excelentes profissionais, que o são.
Confesso que estava um programa extremamente bem feito e fiquei quase convencido, com a escolha do Campo de Tiro para o novo Aeroporto de Lisboa, não tivesse as minhas próprias convicções, mas não é isso que interessa agora.
Mas o que é que isto tem a ver com o chamado "Tratado de Lisboa"?
Já repararam com é que o nosso digníssimo Primeiro-ministro Eng. Sócrates de uma só cajadada, matou dois coelhos, senão reparem apesar de já saber há mais de um mês as conclusões do estudo do LNEC, só agora o divulgou para quebrar as possíveis “talvez” naturais, mas as evidentes ondas de choque que a decisão sobre o Tratado de Lisboa estava a provocar.
Assim e com a divulgação de uma decisão importante, como é a mudança de opinião do Governo sobre a localização do Aeroporto, que é um assunto de âmbito meramente nacional calou-se, por falta de espaço disponível nos “media", todos aqueles que quisessem manifestar a sua repulsa por terem sido impedidos de manifestarem, em referendo, a sua opinião sobre um papel que, a curto prazo vai retirar a todos nós os Portugueses, numa importante fatia da pouca soberania que nos resta.
É que para mim, o que consta do texto do Tratado de Lisboa é que aos poucos e poucos vão retirar-nos o nosso orgulho e a nossa identidade Lusa.
Sou Português, não sou nacionalista, mas não me sinto a 100% europeu, aliás como alguns milhões de Portugueses, sou um produto do pós 25 de Abril e nasci em Portugal e não na CEE ou UE.
É que aos poucos e poucos tenho visto, desaparecer o Portugal que onde nasci, desapareceram os escudos e nasceram os Euros, que sinceramente não gosto e que preferia não ter…Tenho visto nascerem regras e normas que a comunidade europeia, nos obriga a cumprir, como esta nova parvoíce da Lei do Tabaco…
Estou cansado que nos atirem areia, para os olhos, afinal de contas o aeroporto fica aonde? E quando vamos ter o referendo que nos foi prometo?.
Quando era jovem, sempre me disseram, uma pessoa sem educação não temos futuro, uma pessoa sem curso não tem trabalho… depois ouvi os sucessivos governos, disseram que não temos quadros superiores suficientes, que os Portugueses têm de se especializar, mas o que vejo eu… os recém licenciados, estão desempregados ou a fazerem outras coisas que não a exercerem o curso que tiraram, vejo que cada vez existem mais desempregados em Portugal, mas que têm aumentado as correntes imigratórias quer dos países africanos de língua oficial portuguesa e de brasileiros, quer mais recentemente de cidadãos dos leste da Europa.
Os cidadãos estrangeiros a viver em Portugal, com a sua situação regularizada, são cerca de 435 000, e um sem número de estrangeiros ilegais, e todos os dias estes números aumentam, assim como o número do desemprego.
Temos uma população envelhecida, e então o que é que o governo faz, aumenta os anos de trabalho e congela os empregos, levando a que os recém-licenciados, a se virarem para fora a procura de trabalho, e após de anos e anos de emigração, e quando os números estavam a acalmar, o número de emigrantes está novamente a aumentar, só em 2002 houve 27 358 portugueses, tiveram de emigrar e o que é mais curioso, é que grande parte deste emigrantes foram recém-licenciados que não encontraram colocação para seus cursos em Portugal.
Mas em vez de estarmos preocupados com estes factos e com estes números, estamos preocupados com aeroportos, tratados e vamos vivendo na terra dos sonhos…