
Os Vinhos de Lisboa.
Ao contrario do que muitos podem pensar também em Lisboa se fizeram bons vinhos. Pois nos anos quarenta e cinquenta do século XX, Lisboa era um cidade muito provinciana e muito perto do campo, campo esse que hoje já não existe dando origens a arranha – céus e a urbanizações gigantes.
Tínhamos então na nossa capital vendedores de quase tudo o que a terra dava, desde os vendedores de morangos de Sintra que na altura eram muito raros e igualmente caros, pois só em Sintra é que os havia e bons e mesmo assim só na época certa.
Circulavam igualmente pela cidade de Lisboa os Aguadeiros com bilhas de barro a “bela” e refrescante água de Caneças, ainda havia os leiteiros que nos levavam em enorme bilhas o leite fresco todas as manhãs a porta de nossas casas, e finalmente circulavam pela nossa urbe o vinho que nos chegava sobretudo em barris, trazidos essencialmente da Estremadura e do Ribatejo.
É nesta época e aqui bem as portas de Lisboa ainda existiam vinhas e se faziam as vindimas, que circulavam em carros de bois e havia ainda as lavadeiras que ficaram na memória colectiva no filme a “Aldeia da Roupa Branca”, com a carismática actriz Beatriz Costa. As lavadeiras traziam a roupa já pronta a ser usada pelos senhores da cidade, depois de terem sido lavadas em Caneças que na altura era muitíssimo longe do centro de Lisboa.
Como se pode comprovar Lisboa vivia um ambiente profundamente rural, comparado com outras grandes cidades da Europa com Londres ou Paris.
Eram poucas as marcas de vinho muito menos engarrafado e as que existiam eram produtos de luxo destinadas somente a burguesia da cidade, assim o consumo de vinho fazia-se sobretudo a garrafão. Mas mesmo assim existiam algumas que procuravam atingir exactamente um público urbano menos conhecedor mas disposto a consumir algo que não fosse tão banal como o vinho vendido a garrafão, com este intuito apareceu o vinho Camilo Alves e o Teobar, uma invenção de João Teodório Barbosa, igualmente criador das Caves Dom Teodório e o Teo vinha de Teodório e o Bar de Barbosa.
O seu negocio vinículo começou em 1930 com a distribuição de vinho a barril pelas tascas de Lisboa, já o vinho Teobar surge quando a sua empresa começa a crescer em 1950 onde se começa a interessar pelas colónias ultramarinas, igualmente nos anos cinquenta começa a comercializa os tintos e brancos de alta qualidade da empresa os Garrafeira Particular, termo utilizado até a poucos anos para designar vinhos de grande qualidade e de pequena produção.
Em 1945 é publicado “O Roteiro do Vinho Português” pela Secretária Nacional de Informação chefiada pelo ilustre António Ferro, que tinha uma especial atenção para o triângulo dos vinhos do termo de Lisboa – Colares (Sintra), Carcavelos e Bucelas (Caneças).
Este roteiro estava associado ao roteiro turístico que em Carcavelos aconselhava um passeio pelas Quintas de Alagoa e do Barão da Bela Vista, onde existia um vinho generoso de alta qualidade pois era: aveludado, aroma e sabor inconfundíveis.
Em Sintra bebia-se o Colares Tinto, de Ramisco que era produzido em chão de areia e que foi durante décadas o príncipe dos tintos, chegando mesmo a ser comparado com os melhores Bordéus pelo seu aroma e aveludado do seu corpo.
Finalmente tinhamos o Bucelas da zona saloia que era rico em vinho branco onde pontificava o Arinto de casta nobre que dava a alma aos vinhos brancos da zona de Lisboa. Hoje em dia só em Bucelas ainda existe produção de vinhos continuando a serem bem feitos e bem bons, basta provarmos os das Caves Velhas na Quinta da Romeira.
Mesmo assim e voltando aos anos 40 e 50 o consumo de vinhos de qualidade eram normalmente destinados a hotéis de topo como Avis, Ritz e o Mundial que faziam questão de ter boas garrafeiras e, aqui bem perto de Lisboa, no Estoril era local de colocação obrigatória do produto.
Devido a essa procura por parte dos hotéis nasceram os primeiros topos de gama das Caves S. João da Bairrada ou mesmo o Ribalta.
Com o crescimento das cidade e a construção maciça na zona de Sintra e Carcavelos levou ao desaparecimento dos bons vinhos de Lisboa, mas a nossa Capital já produziu vinhos e de boa qualidade.
Henrique Tigo
Geógrafo
Ao contrario do que muitos podem pensar também em Lisboa se fizeram bons vinhos. Pois nos anos quarenta e cinquenta do século XX, Lisboa era um cidade muito provinciana e muito perto do campo, campo esse que hoje já não existe dando origens a arranha – céus e a urbanizações gigantes.
Tínhamos então na nossa capital vendedores de quase tudo o que a terra dava, desde os vendedores de morangos de Sintra que na altura eram muito raros e igualmente caros, pois só em Sintra é que os havia e bons e mesmo assim só na época certa.
Circulavam igualmente pela cidade de Lisboa os Aguadeiros com bilhas de barro a “bela” e refrescante água de Caneças, ainda havia os leiteiros que nos levavam em enorme bilhas o leite fresco todas as manhãs a porta de nossas casas, e finalmente circulavam pela nossa urbe o vinho que nos chegava sobretudo em barris, trazidos essencialmente da Estremadura e do Ribatejo.
É nesta época e aqui bem as portas de Lisboa ainda existiam vinhas e se faziam as vindimas, que circulavam em carros de bois e havia ainda as lavadeiras que ficaram na memória colectiva no filme a “Aldeia da Roupa Branca”, com a carismática actriz Beatriz Costa. As lavadeiras traziam a roupa já pronta a ser usada pelos senhores da cidade, depois de terem sido lavadas em Caneças que na altura era muitíssimo longe do centro de Lisboa.
Como se pode comprovar Lisboa vivia um ambiente profundamente rural, comparado com outras grandes cidades da Europa com Londres ou Paris.
Eram poucas as marcas de vinho muito menos engarrafado e as que existiam eram produtos de luxo destinadas somente a burguesia da cidade, assim o consumo de vinho fazia-se sobretudo a garrafão. Mas mesmo assim existiam algumas que procuravam atingir exactamente um público urbano menos conhecedor mas disposto a consumir algo que não fosse tão banal como o vinho vendido a garrafão, com este intuito apareceu o vinho Camilo Alves e o Teobar, uma invenção de João Teodório Barbosa, igualmente criador das Caves Dom Teodório e o Teo vinha de Teodório e o Bar de Barbosa.
O seu negocio vinículo começou em 1930 com a distribuição de vinho a barril pelas tascas de Lisboa, já o vinho Teobar surge quando a sua empresa começa a crescer em 1950 onde se começa a interessar pelas colónias ultramarinas, igualmente nos anos cinquenta começa a comercializa os tintos e brancos de alta qualidade da empresa os Garrafeira Particular, termo utilizado até a poucos anos para designar vinhos de grande qualidade e de pequena produção.
Em 1945 é publicado “O Roteiro do Vinho Português” pela Secretária Nacional de Informação chefiada pelo ilustre António Ferro, que tinha uma especial atenção para o triângulo dos vinhos do termo de Lisboa – Colares (Sintra), Carcavelos e Bucelas (Caneças).
Este roteiro estava associado ao roteiro turístico que em Carcavelos aconselhava um passeio pelas Quintas de Alagoa e do Barão da Bela Vista, onde existia um vinho generoso de alta qualidade pois era: aveludado, aroma e sabor inconfundíveis.
Em Sintra bebia-se o Colares Tinto, de Ramisco que era produzido em chão de areia e que foi durante décadas o príncipe dos tintos, chegando mesmo a ser comparado com os melhores Bordéus pelo seu aroma e aveludado do seu corpo.
Finalmente tinhamos o Bucelas da zona saloia que era rico em vinho branco onde pontificava o Arinto de casta nobre que dava a alma aos vinhos brancos da zona de Lisboa. Hoje em dia só em Bucelas ainda existe produção de vinhos continuando a serem bem feitos e bem bons, basta provarmos os das Caves Velhas na Quinta da Romeira.
Mesmo assim e voltando aos anos 40 e 50 o consumo de vinhos de qualidade eram normalmente destinados a hotéis de topo como Avis, Ritz e o Mundial que faziam questão de ter boas garrafeiras e, aqui bem perto de Lisboa, no Estoril era local de colocação obrigatória do produto.
Devido a essa procura por parte dos hotéis nasceram os primeiros topos de gama das Caves S. João da Bairrada ou mesmo o Ribalta.
Com o crescimento das cidade e a construção maciça na zona de Sintra e Carcavelos levou ao desaparecimento dos bons vinhos de Lisboa, mas a nossa Capital já produziu vinhos e de boa qualidade.
Henrique Tigo
Geógrafo