MORREU o Meu Padrinho
Morreu a Poesia…
Copo numa mão, cigarro na outra, barba tipo “Pai Natal”, sorriso nos lábios e na Voz um Poema!!!
Este era o meu Padrinho/Tio Évonio.
Joaquim Évonio, atleta e campeão nacional na juventude, Coronel (Militar de
Carreira) foi dos primeiros militares a ir para a Guine onde fez 3 comissões,
lá ficou sem um pé e um dedo… Dizia com orgulho que por causa da Guerra
Colonial tinha sido operado 17 vezes, todas com anestesia geral…
Criador da Proteção Civil em Portugal.
Comendador da Ordem Heráldica da Paz Universal, agraciado com o grau de
Cavaleiro da Real Ordem do Leão do Ruanda.

Foi um dos maiores patronos das artes, colecionador de arte e pintura,
adorava exposições e era rara a exposição onde não comprava um quadro ou dois.
Criador da “Varanda das Estrelícias”, com vocação para acolher quanto se
produza nos países de expressão lusófona, quer se trate de Poesia, Prosa ou
Artes plásticas.
Isto é o que todos sabem, mas para mim era muito mais, era o meu Padrinho/Tio,
um doce de pessoa, um amigo, um crítico, devo-lhe muito… muito do que sou como escritor,
poeta e até pintor devo a este grande Mestre.
Um poço de generosidade para todos, incapaz de estar quieto e de dizer que
não a quem lhe pedia ajuda…
Um dos meus poemas preferidos dele era:
A Morte da Lua
A Lua morreu,
Coitada!
Estava tão esburacada
Que ninguém a vai lamentar…
Todos dirão:
Sofrer para quê?
Ela só tinha uma função…
E quem vai preocupar-se
Com a falta que faz aos poetas?
Este poema para mim é uma auto-retrato, pois só nós
sabemos a falta que ele nos vai fazer e o quanto Portugal e a língua Portuguesa
perdeu… Para mim ficou a sorte de ter sido amigo, sobrinho e afilhado deste “Monstro
Sagrado” da cultura Joaquim Évonio Rodrigues de Vasconcelos, Obrigado!!!